sábado, 7 de maio de 2016

Orientações para elaboração de projetos de pesquisa

São grandes as dificuldades a respeito da correta elaboração de um projeto de pesquisa. Confusão em definir tema e problema, em equivocadamente entender o propósito analítico dos objetivos com a resolução de 'questões imediatas', em tomar procedimentos de pesquisa como se fossem de extensão, o não entendimento do significado da metodologia, etc. Enfim, equívocos gerais que atrapalham muito gente - desde o aluno que conclui a graduação pensando no mestrado e até mesmo, por "paradoxal" que possa parecer, determinados candidatos ao doutoramento. Tenho visto essa realidade de perto, em processos seletivos, em aulas lecionadas de metodologia e em orientações. Pois bem, a Universidade Federal de Juiz de Fora está divulgando um sintético material a respeito da elaboração de projetos. Vai a sua reprodução aí abaixo. 
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1 – Propor pesquisas que estejam relacionadas ao escopo do programa de pós-graduação
“É preciso conhecer o programa de pós-graduação para o qual está se candidatando. Às vezes, a proposta é boa, mas a pesquisa não se relaciona com o que é desenvolvido no programa, que tem de se preocupar com aderência [conjunto de pesquisas que confere identidade e unidade ao programa]. Se a proposta não dialogar, vai gerar problema mais à frente”, afirma a professora Iluska Coutinho, do Programa de Pós-graduação em Comunicação da UFJFEm geral, propostas de pesquisa de mestrado fora do escopo desenvolvido no programa, no grupo de pesquisa ou mesmo pelo orientador podem sofrer resistência para serem aceitas. 
2  – Cursar disciplinas antes de participar da seleção
Para conhecer melhor a área de estudo e o funcionamento do curso, a professora Iluska Coutinho sugere ao interessado cursar disciplinas isoladas – que tiveram vagas sobrando no semestre e aceitam inscrições de alunos externos. A seleção dessas vagas é realizada, em geral, semanas antes do início das aulas. Os créditos das disciplinas poderão ser aproveitados posteriormente.

3 – Indicar conhecimento crítico na revisão bibliográfica
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“A revisão aponta que a pesquisa não surgiu do nada. Há estudos anteriores e podem haver questões em aberto”, ressalta Iluska. Nessa seção do projeto, são discutidos os principais conceitos e estudos relacionados ao objeto de investigação. Para Mateus Laterza, a bibliografia deve ser atual e revelante e sua qualidade dependerá da leitura crítica do autor. A leitura dos principais artigos científicos publicados nos últimos anos e o conhecimento sobre estudos do grupo ou linha de pesquisa contribuem para a revisão.

4 – Apontar lacunas que serão preenchidas pelo  desenvolvimento do projeto
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Uma das razões para a elaboração da pesquisa é suprir dúvidas existentes sobre o objeto de estudo. Para isso, é importante verificar limitações de estudos anteriores, indicar lacunas em análises ou apresentar novo enfoque sobre um tema. A partir da revisão, o candidato percebe se sua proposta de pesquisa já foi realizada e o que a diferencia das demais.  “A originalidade e a relevância sustentam, em grande parte, a qualidade de um projeto”, frisa o professor Mateus Laterza.

5 – Buscar referências fortes e dados atuais para justificar pesquisa
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O candidato precisa convencer o programa de pós-graduação que sua pesquisa é relevante. A menção a dados de fonte confiável auxilia na argumentação. A vice-coordenadora do Programa de Pós-graduação em Química, Mara Rubia, aponta, como exemplo, a citação de  revistas científicas com alto grau de impacto.



6 – Elaborar perguntas claras e objetivas
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Percebida e justificada a lacuna de conhecimento, o próximo momento é elaborar uma ou mais perguntas que, a princípio, guiarão o estudo. “Candidatos confundem tema e problema de pesquisa. O tema é onde a proposta  se situa, mas tem de ter questionamento específico para ser respondido”, explica Iluska Coutinho. A indagação é que instigará a elaboração do trabalho. Para isso, ela deve ser específica, apontando o que pretende ser investigado, em linguagem clara e objetiva, sem ambiguidade. Outra opção é  trabalhar com hipótese para ser validada.

7 – Apontar objetivos específicosLista_dicas_projetos_pesquisa_objetivos_especificos
“Às vezes, recebemos projetos com objetivos muito gerais. É preciso indicar especificamente o que se vai fazer. Por exemplo, trabalhar a síntese de molécula de uma determinada classe de composto químico. Mas têm várias classes. Tem de citar quais sintetizar, quantos pretende preparar, quais são as estruturas, para que o projeto fique mais pontual”, afirma a professora Mara Rubia. “O objetivo deve estar diretamente ligado à lacuna de conhecimento apresentada; caso exista mais de uma lacuna, existirá mais de um objetivo”, acrescenta Laterza.

8 – Apresentar metodologia coerente aos objetivos do estudo
O autor deve demonstrar as técnicas adequadas para alcançar cada tipo de resultado esperado. Análise de discurso e análise de conteúdo focam aspectos diferentes do objeto de estudo. Conforme a pesquisa, é preciso apontar quais equipamentos serão necessários, sabendo o que o programa dispõe. “Outro ponto importante é verificar se a pesquisa exigirá registro em comitê de ética”, alerta Iluska.


9 – Ter clareza sobre o tempo necessário para desenvolver a pesquisa
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Pode parecer óbvio, mas a pesquisa de mestrado deve ser estipulada para ser desenvolvida em 24 meses; e a de doutorado, em 48. O aluno deve considerar que o período não será dedicado apenas à elaboração da dissertação ou tese, mas também à participação em congressos, organização de eventos científicos e outras atividades. A proposta deve ser realista com o tempo disponível para ser dedicado ao projeto.

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