quinta-feira, 12 de maio de 2016

O tribunal da História, farsas e farsantes


Giordano Bruno, na sua luta contra o obscurantismo - que terminou por o queimar no tribunal da fogueira da inquisição - terá pronunciado uma frase que é lapidar sobre a relação entre fatos, verdade e justiça. Em tradução aproximada, terá dito que, muitas vezes, é demonstração de mente inferior pensar como determinadas maiorias circunstâncias pensam, só porque são maiorias, pois a verdade não muda porque é acreditada ou não por uma maioria de pessoas. De alguma forma, isso faz lembrar a música composta por João Bosco, e que ficou célebre na voz de Elis Regina, em homenagem ao marinheiro João Cândido, líder da Revolta da Chibata, movimento que foi empreendido no princípio do século passado no Rio de Janeiro contra as condições impostas aos marinheiros e sobretudo contra os castigos físicos que eles sofriam. A Revolta não logrou êxito, e João Cândido sofreu as consequências. Mas a música de João Bosco está aí para o registro da verdade histórica: "Conhecido como navegante negro/Tinha dignidade de um mestre sala (...)/Glória a todas as lutas inglórias/Que através da nossa história/Não esquecemos jamais." Neste Brasil conflagrado que estamos a viver, estas menções têm muito a dizer, a inspirar e a ensinar. A imprevisibilidade do que pode ocorrer no país nos próximos tempos, com consequências diretas na vida das pessoas, está associada à sensação de risco, que, por sua vez, é induzida pela inversão dos preceitos do que é balizado como justo. As justas e boas causas encontram a sua razão de ser na tentativa de se fazer 'o certo'. Mas, o que  vem a ser o certo? Por que deve ser feito? A este respeito, remeto o leitor para um pequeno artigo que publiquei no periódico português A Página da Educação (está aqui: http://www.apagina.pt/?aba=7&cat=533&doc=14847&mid=2). Seja como for, uma coisa parece certa: no tribunal da história, não há lugar digno para farsas e farsantes.

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