O mundo virtual estrutura espaços para a discussão de interesses comuns, locais de interacção formam-se à medida que os interesses surgem. Locais que se tornam espaços de encontro de características virtuais onde o tempo e o espaço reais não são condicionantes da interacção entre sujeitos provenientes das zonas geográficas mais díspares. "Que semelhanças e diferenças podemos vislumbrar entre esse tipo de comunicação e aquela a que mais usualmente nos encontramos habituados? Tal como a comunicação interpessoal, também aqui a interacção é construída com base na participação, o seu conteúdo é fruto da própria audiência. Tal como os meios de comunicação de massas, ela envolve audiências alargadas. Mas estas redes e as suas diversas parcelas não podem ser consideradas nem meios de comunicação de massas, no sentido tradicional da palavra, nem como comunicação puramente interpessoal. Encontramo-nos assim perante um novo fenómeno. A emergência de grupos de discussão mediados por computador vem colocar-nos um conjunto alargado de questões de carácter comunicacional. Qual a estrutura e quais as interdependências que regem estas redes, ou se preferirmos qual a sua "ecologia"? Qual é o seu conteúdo temático e quais as construções subjacentes ao mesmo? Podemos encarar este meio enquanto complementar dos já existentes ou como seu substituto? Quais serão os efeitos sociais destas redes: quais as transformações para o conhecimento, para as relações económicas e de consumo, para a esfera política? Estas são apenas algumas das questões que se nos colocam na análise deste novo espaço de interacção social".
A reflexão acima é do lusitano Gustavo Cardoso, autor do livro Para uma Sociologia do Ciberespaço (Celta, 1998). Uma obra que vale a leitura. De certo modo, trata-se de uma reflexão que guarda semelhanças com a que desenvolvi no livro Novas Tecnologias, Trabalho e Educação: Desorganizando o Consenso, também publicado em solo luso (Lisboa, Edições Dinossauro).
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