O vídeo aí abaixo é sobre o que foi enviado à terra pela sonda Voyager 1, em 1990. Em função disso, o escritor e cientista estadunidense Carl Sagan escreveu o livro 'Pálido Ponto Azul', em 1994. Evidencia a necessidade de conscientização sobre onde estamos e sobre tantas outras coisas mais!
"A espaçonave estava bem
longe de casa. Eu pensei que seria uma boa ideia, logo depois de Saturno, fazer
ela dar uma última olhada em direção de casa.
De saturno, a Terra apareceria muito pequena para a
Voyager apanhar qualquer detalhe, nosso planeta seria apenas um ponto de luz,
um “pixel” solitário, dificilmente distinguível de muitos outros pontos de luz
que a Voyager avistaria: Planetas vizinhos, sóis distantes. Mas justamente por
causa dessa imprecisão de nosso mundo assim revelado valeria a pena ter tal
fotografia.
Já havia sido bem entendido por cientistas e filósofos da
antiguidade clássica, que a Terra era um mero ponto de luz em um vasto cosmos
circundante, mas ninguém jamais a tinha visto assim. Aqui estava nossa primeira
chance, e talvez a nossa última nas próximas décadas.
Então, aqui está – um mosaico quadriculado estendido em cima
dos planetas, e um fundo pontilhado de estrelas distantes. Por causa do reflexo
da luz do sol na espaçonave, a Terra parece estar apoiada em um raio de sol.
Como se houvesse alguma importância especial para esse pequeno mundo, mas é
apenas um acidente de geometria e ótica. Não há nenhum sinal de humanos nessa
foto. Nem nossas modificações da superfície da Terra, nem nossas máquinas, nem
nós mesmos. Desse ponto de vista, nossa obsessão com nacionalismo não aparece
em evidencia. Nós somos muito pequenos. Na escala dos mundos, humanos são
irrelevantes, uma fina película de vida num obscuro e solitário torrão de rocha
e metal.
Considere novamente esse ponto. É aqui. É nosso lar. Somos
nós. Nele, todos que você ama, todos que você conhece, todos de quem você já
ouviu falar, todo ser humano que já existiu, viveram suas vidas. A totalidade
de nossas alegrias e sofrimentos, milhares de religiões, ideologias e doutrinas
econômicas, cada caçador e saqueador, cada herói e covarde, cada criador e
destruidor da civilização, cada rei e plebeu, cada casal apaixonado, cada mãe e
pai, cada criança esperançosa, inventores e exploradores, cada educador, cada
político corrupto, cada “superstar”, cada “lidere supremo”, cada santo e
pecador na história da nossa espécie viveu ali, em um grão de poeira suspenso
em um raio de sol.
A Terra é um palco muito pequeno em uma imensa arena cósmica.
Pense nas infindáveis crueldades infringidas pelos habitantes de um canto desse
pixel, nos quase imperceptíveis habitantes de um outro canto, o quão
frequentemente seus mal-entendidos, o quanto sua ânsia por se matarem, e o quão
fervorosamente eles se odeiam. Pense nos rios de sangue derramados por todos
aqueles generais e imperadores, para que, em sua gloria e triunfo, eles
pudessem se tornar os mestres momentâneos de uma fração de um ponto. Nossas
atitudes, nossa imaginária auto-importância, a ilusão de que temos uma posição
privilegiada no Universo, é desafiada por esse pálido ponto de luz.
Nosso planeta é um espécime solitário na grande e envolvente
escuridão cósmica. Na nossa obscuridade, em toda essa vastidão, não há nenhum
indício que ajuda possa vir de outro lugar para nos salvar de nós mesmos. A
Terra é o único mundo conhecido até agora que sustenta vida. Não há lugar
nenhum, pelo menos no futuro próximo, no qual nossa espécie possa migrar.
Visitar, talvez, se estabelecer, ainda não. Goste ou não, por enquanto, a terra
é onde estamos estabelecidos.
Foi dito que a astronomia é uma experiência que traz
humildade e constrói o caráter. Talvez, não haja melhor demonstração das
tolices e vaidades humanas que essa imagem distante do nosso pequeno mundo. Ela
enfatiza nossa responsabilidade de tratarmos melhor uns aos outros, e de
preservar e estimar o único lar que nós conhecemos… o pálido ponto azul." (Carl Sagan)
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Fonte: http://www.contioutra.com/
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