quarta-feira, 13 de junho de 2012

O humano absorvido pela natureza: um viajante...

Curtos fragmentos de um manuscrito perdido, comenta-se, de um desenraizado viajante afeito ao existencialismo e ao movimento romântico-surrealista. Chama-se Leont Etiel.  

Cavalaria, do ucraniano Kazimir Malevich 


(De um manuscrito perdido de Leont Etiel) 

A identificação do sítio está escrita de duas formas: Paraguay e Paraguái.

Um viajante movido à curiosidade então pergunta: “Entonces, por qué ustedes escriben así?”

“Es castellano y guaraní, muchacho” – responde o senhor, com uma mirada de quem carrega nos olhos o peso de uma vida, manifestando, ao mesmo tempo, a leveza da benevolência diante de uma pergunta parva, que não deveria ser feita, se os latino-americanos conhecessem mais a sua região. “Es nuestra primera identidad, muchacho, es nuestra primera identidad” – repete assim enquanto serve ao curioso viajante a típica bebida local, batizada pela graça de tereré. Oh, oh, muchacho, riu-se por dentro o indagador, a pensar que a mochila às costas que trazia e o casaco que vestia lhe haviam feito qualquer efeito...

Deste viajante, contudo, pouco sabemos. Da sua passagem por Assunção, foi possível recolher apenas dois ou três fragmentos. O primeiro, oral, foi obtido quando o señor do tereré perguntou: “Donde tu vas?” Ao que surgiu a resposta: Rio de Janeiro. De seguida, foi possível ver que ele portava um manuscrito, onde, em letras garrafais, Ludwig Feuerbarch,  com  a sua tese do humano sendo absorvido pela natureza, falava: El corazón hace revoluciones, la cabeza hace reformas; la cabeza pone las cosas en posición, el corazón las pone en movimiento. Pero sólo donde existe movimiento, efervescencia, pasión, sensibilidad, ahí reside también el espíritu...    


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