Curtos fragmentos de um manuscrito perdido, comenta-se, de um desenraizado viajante afeito ao existencialismo e ao movimento romântico-surrealista. Chama-se Leont Etiel.
Cavalaria, do ucraniano Kazimir Malevich
(De um manuscrito perdido de Leont Etiel)
A identificação do sítio está escrita de duas
formas: Paraguay e Paraguái.
Um viajante movido à curiosidade então
pergunta: “Entonces, por qué ustedes escriben así?”
“Es castellano y guaraní, muchacho” – responde o
senhor, com uma mirada de quem carrega nos olhos o peso de uma vida,
manifestando, ao mesmo tempo, a leveza da benevolência diante de uma pergunta
parva, que não deveria ser feita, se os latino-americanos conhecessem mais a
sua região. “Es nuestra primera identidad, muchacho, es nuestra primera
identidad” – repete assim enquanto serve ao curioso viajante a típica
bebida local, batizada pela graça de tereré. Oh, oh, muchacho, riu-se por
dentro o indagador, a pensar que a mochila às costas que trazia e o casaco que
vestia lhe haviam feito qualquer efeito...
Deste viajante, contudo, pouco sabemos. Da sua
passagem por Assunção, foi possível recolher apenas dois ou três fragmentos. O
primeiro, oral, foi obtido quando o señor do tereré perguntou:
“Donde tu vas?” Ao que surgiu a resposta: Rio de Janeiro. De seguida, foi
possível ver que ele portava um manuscrito, onde, em letras garrafais, Ludwig
Feuerbarch, com a sua tese do humano sendo absorvido pela
natureza, falava: El corazón hace revoluciones, la cabeza hace reformas; la
cabeza pone las cosas en posición, el corazón las pone en movimiento. Pero sólo donde existe
movimiento, efervescencia, pasión, sensibilidad, ahí reside también el
espíritu...
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