Amado por muitos e considerado sobreavaliado por outros, Dave Brubeck
foi sem dúvida um dos mais famosos músicos de jazz de sempre. Inserido no seu
álbum Time Out, de 1951, o tema Take
five atravessou gerações de ouvintes, tornando-se um dos grandes clássicos
do género e o single de jazz mais vendido de todos os tempos.
A melodia simples e saltitante do tema, composta e
tocada pelo tom de veludo do saxofone de Paul Desmond, veio trazer uma nova
alegria ao jazz de então, projectando Dave Brubeck e o seu grupo para o
estrelato mundial. Ainda hoje o tema é facilmente reconhecido pelas mais
diversas pessoas nos quatro cantos do mundo, tendo-se tornado um símbolo de um
jazz alegre e descomplexado, profundamente "swingante".
Nascido em 1920, na Califórnia, Brubeck começou a
aprender piano aos quatro anos. Alegando dificuldades de visão, evitava
aprender a ler partituras, tendo desenvolvido a sua música de forma algo
autodidacta. Ainda jovem, tocava nos bailes com uma banda local e planeava ser
veterinário. No entanto, ao entrar na universidade, passou a tocar em clubes
nocturnos para pagar os estudos e depressa percebeu que era isso que queria
seguir como carreira.
Recrutado para a Segunda Guerra Mundial, Brubeck
serviu sob o comando do célebre general Patton e tocou frequentemente para as
tropas em eventos da Cruz Vermelha. Quando solicitado a formar uma banda entre
os seus colegas militares, criou um grupo a que deu o nome The Wolfpack, um ensemblemulti-racial, numa altura
em que o Exército norte-americano era ainda fortemente marcado pela segregação.
Forte opositor à discriminação, o músico viria mais tarde a actuar regularmente
no Sul dos Estados Unidos, muitas vezes em clubes exclusivamente para negros.
Ao sair da tropa, já na
faculdade, Brubeck quase foi expulso ao descobrirem que não sabia ler
partituras, sendo, no entanto, defendido pelo seu enorme talento em contraponto
e harmonia. Um talento realmente invulgar que fez das gravações de Take five, Blue rondo à la turk e muitos outros temas do seu repertório canções facilmente memorizáveis
e de grande impacto melódico.
Como pianista, aplicou
ao jazz os ensinamentos clássicos do seu mais influente professor, o
mestre francês Darius Milhaud, criando a variação mais notável do que se viria
a chamar west coast jazz. Ao longo da sua carreira tocou com muitos dos
grandes, como Duke Ellington, Ella Fitzgerald, Carmen McRae ou Gerry Mulligan,
e o fenomenal sucesso do Dave Brubeck Quartet, o grupo que formou com Paul
Desmond, Eugene Wright e Joe Morello, permitiu-lhe vender milhões de álbuns e
tocar a sua música nos mais prestigiados palcos de todo o mundo.
Brubeck compôs mais de
250 temas e escreveu música para ballet, orquestras ou cerimónias religiosas. Da sua longa
discografia, destacam-se Time Out, mas também Brubeck
Time, Time Further Out, Jazz at Storyville e The Dave Brubeck Quartet at Carnegie
Hall.
Considerado uma lenda
viva pela Biblioteca do Congresso americano, Dave Brubeck foi o primeiro músico
de jazz branco a aparecer na capa da revista Time, em 1954 (Louis Armstrong já o havia feito em 49) e
um dos poucos a actuar para quatro Presidentes americanos.
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