Ao cabo de cada livro lido, a pergunta sobre o seu sentido para o aqui e o agora. No caso de O Sol Também se Levanta, a resposta não parece difícil. Abaixo, uma pequena recensão.
Considerado pela crítica
norte-americana como o primeiro grande romance de Ernest Hemingway (mesmo ele
tendo publicado, um ano antes, a novela The Torrents
of Spring), O Sol também
se levanta, de 1926, é um
retrato fiel daquilo que ficou conhecido como Geração Perdida (Lost
Generation). O termo foi popularizado pelo próprio Hemingway, que buscava
caracterizar uma parcela da população americana que se mostrava descrente
quanto ao seu futuro logo após a Primeira Guerra Mundial.
A trama é narrada e
vivenciada por Jake Barnes, um veterano de guerra que voltara dos campos de
batalha impotente, em todos os sentidos. Como um anti-herói americano, o
personagem vive exilado em Paris trabalhando como jornalista. Seu círculo de
amizades compreende estereótipos complexos e obsoletos. É apaixonado por Lady
Brett Ashley, uma mulher aparentemente distinta, mas que mantém uma série de
relacionamentos pouco duradouros com os homens.
Logo no primeiro capítulo
do livro, Jake apresenta um de seus amigos mais íntimos, o ex-boxeador e
escritor Robert Cohn, de quem desconfia todo o tempo (...). Os verdadeiros relacionamentos de Jake, no
entanto, são mantidos com Bill Gordon (também escritor e veterano de guerra) e
Mike Campbell, escocês, noivo de Brett, e ex-milionário.
Apaixonado por
touradas, o protagonista convida os demais personagens para a Fiesta, um festival de touros que acontece anualmente na
cidade de Pamplona, na Espanha. Durante a semana em que deixam Paris, Jake,
Bill, Brett, Mike e Cohn mergulham com tudo na descrença marcante da Geração
Perdida. De bar em bar, os personagens passam todo o dia bebendo vinho,
cerveja, chope e absinto. O assunto nas mesas raramente vai além das
frivolidades do mundo.
O título O Sol também
se levanta, a princípio,
reflete bem o comportamento dos personagens: mesmo depois de todas as
bebedeiras desenfreadas, todos eles sempre estão de pé quando o sol se anuncia.
Porém, o nome foi dado ao livro tendo como base o versículo 5, do primeiro
capítulo de Eclesiastes na Bíblia, expresso nas seguintes palavras: “O sol
nasce, e o sol se põe, e corre de volta ao seu lugar donde nasce.” A
apropriação de Hemingway não faz muito sentido até que se leia a passagem
anterior: “Uma geração vai-se, e outra vem, mas a terra permanece para sempre”.
Isso reforça a crença de que o autor buscava caracterizar e retratar o
sentimento comum que vigorava unicamente naquele determinado período de tempo,
sabendo de sua efemeridade e volatilidade.
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