Um onze de setembro como hoje, foi o dia em que um Golpe de Estado, articulado pelos Estados Unidos/CIA, derrubou o Presidente chileno Salvador Allende e instaurou uma das ditaduras mais cruéis da América Latina. Abaixo segue o seu último discurso, feito num momento de grande tensão, com aviões da força aérea se aproximando do palácio presidencial, que já estava cercado por tropas militares. Allende morreu defendendo o mandato que democraticamente o povo lhe concedeu.
Última foto de Allende, ao centro (de capacete): resistência ao golpe militar |
Homem de convicções e de uma honestidade ímpar, como ressaltava o seu amigo poeta Pablo Neruda, o Presidente deu mostras de grande dignidade. De certo modo, andar pelas atraentes ruas de Santiago é respirar um pouco dessa dignidade. Determinados segmentos da esquerda brasileira, especialistas em espumas de palavras, não amarrariam sequer os cadarços dos sapatos de Allende.
Salvador Allende e Pablo Neruda |
Negou-se a renunciar, afirmando, por exemplo: “Seguramente
esta será la última oportunidad en que puedo dirigirme a ustedes. La Fuerza
Aérea ha bombardeado las torres de Radio Postales y Radio Corporación. Mis
palabras no tienen amargura (…). Ante estos hechos sólo me cabe decir a los
trabajadores: ¡Yo no voy a renunciar! Colocado en un tránsito histórico, pagaré
con mi vida la lealtad del pueblo. Y les digo que tengo la certeza de que la
semilla que hemos entregado a la conciencia digna de miles y miles de chilenos,
no podrá ser segada definitivamente. Tienen la fuerza, podrán avasallarnos,
pero no se detienen los procesos sociales ni con el crimen ni con la fuerza. La
historia es nuestra y la hacen los pueblos.”