sexta-feira, 25 de julho de 2014

Prudência, sensatez e a língua de Esopo

A Antigudiade Clássica e os seus ensinamentos. Língua de Esopo, uma expressão com muito a dizer. Confira na narrativa aí abaixo.

esopo
Esopo: a vida e as fábulas

Esopo era um escravo de rara inteligência que servia à casa de um conhecido chefe militar da antiga Grécia. Certo dia, em que seu patrão conversava com outro companheiro sobre os males e as virtudes do mundo, Esopo foi chamado a dar sua opinião sobre o assunto, ao que respondeu seguramente: 


– Tenho a mais absoluta certeza de que a maior virtude da Terra está à venda no mercado.
– Como?,  perguntou o amo surpreso. Tens certeza do que estás  falando? Como podes afirmar tal coisa? 

– Não só afirmo, como, se meu amo permitir, irei até lá e trarei a maior virtude da Terra. 
Com a devida autorização do amo, saiu Esopo e, dali a alguns minutos, voltou carregando um pequeno embrulho. Ao abrir o pacote, o velho chefe encontrou vários pedaços de língua, e, enfurecido, deu ao escravo uma chance para se explicar. 

– Meu amo, não vos enganei. A língua é, realmente, a maior das virtudes. Com ela podemos consolar, ensinar, esclarecer, aliviar e conduzir. Pela língua, os ensinamentos dos filósofos são divulgados, os conceitos religiosos são espalhados, as obras dos poetas se tornam conhecidas de todos. Acaso podeis negar essas verdades, meu amo? 

– Boa, meu caro, retrucou o amigo do amo. Já que és desembaraçado, que tal trazer-me agora o pior vício do mundo. 

– É perfeitamente possível, senhor, e com nova autorização de meu amo, irei novamente ao mercado e, de lá, trarei o pior vício de toda a terra. 

Concedida a permissão, Esopo saiu novamente e dali a minutos voltava com outro pacote semelhante ao primeiro. Ao abri-lo, os amigos encontraram novamente pedaços de língua. Desapontados, interrogaram o escravo e obtiveram dele surpreendente resposta: 

– Por que vos admirais de minha escolha? Do mesmo modo que a língua, bem utilizada, se converte numa sublime virtude, quando relegada a planos inferiores se transforma no pior dos vícios. Através dela tecem-se as intrigas e as violências verbais. Através dela, as verdades mais santas, por ela mesma ensinadas, podem ser corrompidas e apresentadas como anedotas vulgares e sem sentido. Através da língua, estabelecem-se as discussões infrutíferas, os desentendimentos prolongados e as confusões populares que levam ao desequilíbrio social.  Acaso podeis refutar o que digo? 

Impressionados com a inteligência invulgar do serviçal, ambos os senhores calaram-se, comovidos, e o velho chefe, no mesmo instante, reconhecendo o disparate que era ter um homem tão sábio como escravo, deu-lhe a liberdade.  Esopo aceitou a libertação e tornou-se, mais tarde, um contador de fábulas muito conhecido da Antiguidade e cujas histórias até hoje se espalham por todo o mundo. 
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Fonte: http://www.brasilwiki.com.br/noticia.php?id_noticia=4185

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