terça-feira, 15 de novembro de 2011

Sofrimento romântico: as dores de Werther

Clássico universal, o alemão Johan Wolfang Von Goethe, com a obra Os Sofrimentos do Jovem Werther, lançou as bases do movimento romântico. Colocou em realce toda a intensidade do amor propagado pelo Romantismo, com as válvulas de escape que eventualmente se lhe podem seguir. Reproduzo, abaixo, um breve artigo a respeito. 
 
A morte de Werther, quadro de Baude 



A obra Os Sofrimentos do Jovem Werther, do escritor alemão Johan Wolfgang Von Goethe, lançada em 1774, é hoje considerada um clássico da literatura universal. Primeira produção literária do Romantismo, ela é considerada o sinal inicial que indicia o princípio deste movimento cultural.

Um dos primeiros livros de Goethe, provavelmente de caráter autobiográfico, este romance caracteriza-se por seu teor epistolar, pois se trata da reprodução de cartas que o Jovem Werther teria escrito ao narrador por muito tempo. A obra, narrada na primeira pessoa, com economia de personagens, tem em suas notas de rodapé a indicação de que nomes e locais foram substituídos por dados fictícios, o que contribui para que se acredite na transposição das emoções e sofrimentos do próprio autor para as páginas deste livro, apenas com algumas modificações, principalmente no final.

Goethe, como Werther, também fora vítima de um amor não correspondido; sentira-se igualmente dominado por emoções incontroláveis e avassaladoras; mas o escritor, ao contrário de seu alterego, não opta pelo suicídio. O personagem, vencido pela força de seus sentimentos por Charlotte que, insensível às suas emoções, se casa com Alberto, sucumbe e, pedindo à própria amada que lhe forneça as armas do marido, atira em sua própria cabeça, buscando assim o fim de seus sofrimentos.

A narrativa de Goethe é tão intensa que, na época, muitos suicídios juvenis ocorreram por todo o continente europeu, levando alguns governantes a tentarem até mesmo censurar a leitura deste livro. Werther se tortura por não esquecer Charlotte, mesmo depois de seu matrimônio. Ele tenta viver em outro local, mas nem a distância lhe traz o esquecimento. Por outro lado, seu rival nutre intenso ciúme dele, o que o perturba ainda mais, pois sente que está provocando constrangimentos ao casal. O jovem decide então se afastar definitivamente.

A descrição do último encontro de ambos é pungente. Ele declama em alta voz os Cantos de Ossain para sua Charlotte. Os dois se emocionam e se beijam, mas ela o rejeita e exige que ele desapareça de sua vida. Werther vai embora consciente de que é correspondido, mas também ciente de que não há esperança para eles.

É neste momento que ele decide caminhar pelas veredas da morte. Com este gesto, o autor revela toda a intensidade, eventualmente destrutiva, do amor propagado pelo Romantismo, com suas opções por uma válvula de escape, muitas vezes representada pela morte voluntária.
Além de Werther, Charlotte e Alberto, o enredo abriga em sua trama o editor, que teria ordenado as cartas do jovem suicida; e Guilhermine, amigo do protagonista, para quem as epístolas eram normalmente enviadas.

Goethe pôde, então, através desta obra, extravasar seus próprios sofrimentos, as condições de sua alma, expressando os tormentos que afetavam o seu emocional. Assim ele empreende a catarse de seus sentimentos, libertando-se deles por meio da expressão artística.
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