Percebe-se que o país
chegou ao fundo do poço quando, por
exemplo, como ocorreu nos últimos dias, um general da ativa defende um golpe militar – nas barbas de um ‘presidente
desmoralizado’ pela corrupção – e logo seguem-se manifestações de apoio dos saudosistas
da ditadura militar. Se a ‘intervenção’ está em marcha, não se sabe ao
certo, bem como se efetivamente
prosperará – por razões diversas, não seria algo fácil, e isso o próprio
general reconheceu ao assinalar que seria uma ‘operação complexa’. De outra
parte, pelas evidências, é de se supor que o militar em tela não é voz isolada
no alto comando das Forças Armadas. A dúvida que mais acentuadamente fica é se existe
interlocução civil na intenção da referida empreitada – contudo, o fato de o general
ter se manifestado numa tradicional loja maçônica, é bastante sugestivo.
Pois bem, com o país
despedaçado; quadrilhas disputando territórios país afora e impondo pânico à
população (o Rio de Janeiro é apenas o caso mais visível); outras quadrilhas
aboletadas na administração pública (nos três níveis); funcionários com
salários atrasados (e prenúncios de demissão de concursados); e agora surgindo prenúncios de que o país pode
viver uma nova ditadura militar, soa cômico, se não fosse trágico, o que se tem
verificado em determinados setores universitários (auto)definidos como 'avançados'. Vivem uma espécie de 'autismo
social'. Mergulham numa disputa
permanente por espaço na universidade, movidos por interesses pessoais, não se incomodando
nem um pouco em detratar/queimar outros segmentos/pessoas com sensibilidade
progressista. Trata-se de um exercício fratricida. A esse respeito, o que se
tem verificado em determinados ambientes no que toca às divergências que
colocam em lados opostos posições inspiradas no pensamento de Dermeval Saviani
e Paulo Freire é paradigmático. Até porque, antes de mais nada, é estranho,
muito estranho, que o ambiente acadêmico se anule como esfera de reflexão e
análise para se transformar em espaço de louvação (cuja marca é a acriticidade)
de autor ‘a’ ou autor ‘b’. Mas uma das características da insensatez é não ter
sentido...
Para completar o quadro
trágico, tem-se, de um lado, uma Esquerda indigente, prisioneira dos seus erros,
que já gritou ‘fascistas não passarão’ (mas eles passaram), não 'vai ter golpe' (todavia, teve) e ‘fora Temer’ (porém,
próceres dela, nos escaninhos, querem que ele fique até ao fim do mandato).
Por vezes, tende a um populismo que nega a própria ideia de Esquerda, e, como
um espelho-reflexo, verifica-se práticas de corrupção disseminadas em
movimentos sociais (e mesmo na universidade, como a prisão de gestores tem
demonstrado). Por outro lado, há a Esquerda da inexequibilidade, acantonada no universo da petição de
princípios.
Frente a uma realidade como essa, onde está em
jogo a própria ideia de Brasil, coloca-se como urgente, para os próximos
tempos, a aglutinação das pessoas de bem, dos democratas e progressistas de
todas as matizes (independente de divergências pontuais), aglutinação que, por essa configuração,
terá o desenho de um projeto social-democrata.
Ou é isso ou a ampliação do caos e da barbárie que já vivemos hoje, com
demissões, violência, a anomia social total. Tenho pugnado boa parte da minha vida por
ideias, desde cedo. Sem recusar o bom combate. E esta
foi mesmo a razão de ter aceitado compor uma chapa na última eleição para a Reitoria
da UFPB. De toda forma, disputa eleitoral não é algo que me interessa. O que
está na ordem do dia é a construção desse projeto aglutinador, que é o mesmo
que dizer a construção de um novo
progressismo. O Manifesto que segue aí abaixo, nascido pelas mãos do ex-Ministro
da Ciência e Tecnologia Aldo Rebelo (sem partido), o qual de modo geral subscrevo, é uma
iniciativa na busca da construção desse projeto para o Brasil, relativamente ao qual a universidade pública (com a maturidade necessária que falta a muitas palavras de ordem sindicais) não pode ficar à margem, sob pena de desaparecer por completo.
MANIFESTO PELA UNIÃO NACIONAL
“Não precisa o Brasil
ser dividido, é melhor união, progresso e paz”
(Geraldo Amâncio, poeta e repentista)
O Brasil vive grave e profunda crise, que ameaça seu futuro de Nação livre, próspera e soberana. O esforço de nossos antepassados, sem temer sacrifícios nem renúncias para construir a País é posto à prova pela atual desorientação sobre que rumos seguir para ampliar a independência e a autonomia nacionais, elevar o bem-estar material e espiritual da população e proteger o convívio democrático entre os brasileiros. As rupturas operadas na ordem institucional geraram um quadro de aguda polarização, agravado pela recessão econômica, pelos altos níveis de desemprego e subemprego, e pela violência em suas variadas formas. A sociedade brasileira encontra-se dividida, desorientada e desalentada, com sua agenda pautada por atores e interesses minoritários, e mesmo antinacionais, ambiente ideal para a proliferação de várias formas de morbidez social, entre elas a corrupção.
Somente a união de amplas forças políticas, econômicas e sociais, em torno de uma proposta de reconstrução e afirmação nacional, pode abrir caminho para a superação da crise atual. Tal proposta não pode ser apenas uma plataforma de metas econômicas e sociais, mas deve buscar sua inspiração no estado de espírito capaz de mobilizar amplamente os diversos atores da sociedade, com o objetivo comum de ver o País progredir de forma que os benefícios do desenvolvimento sejam percebidos por todos eles, levando-os a se sentirem como seus protagonistas ativos. Este projeto exige como pressuposto que a defesa e o desenvolvimento do Brasil sejam o fundamento para assegurar a efetiva expansão dos direitos sociais e da democracia.
A elaboração e implantação do projeto de construção e afirmação nacional não poderão limitar-se à classe política, mas terão que ser compartilhadas pelos mais diversos segmentos representativos da sociedade. Isto exige o afastamento de toda sorte de preconceitos motivados por ideologias e maniqueísmos, que se mostram insuficientes e limitados para permitir o entendimento da situação. Acima de tudo, é necessário abandonar a enganosa dicotomia entre Estado e Mercado, que tem servido apenas para mascarar a captura das estruturas do primeiro por coalizões de interesses particulares, substituindo-a por uma eficiente cooperação entre o poder público e a iniciativa privada, em prol do bem comum, como ocorreu e ocorre em todos os países que conseguiram enfrentar e remover os desafios no caminho do desenvolvimento duradouro e sustentável.
As gerações que nos antecederam ergueram material e espiritualmente o Brasil, em quatro grandes movimentos, a saber:
O Brasil vive grave e profunda crise, que ameaça seu futuro de Nação livre, próspera e soberana. O esforço de nossos antepassados, sem temer sacrifícios nem renúncias para construir a País é posto à prova pela atual desorientação sobre que rumos seguir para ampliar a independência e a autonomia nacionais, elevar o bem-estar material e espiritual da população e proteger o convívio democrático entre os brasileiros. As rupturas operadas na ordem institucional geraram um quadro de aguda polarização, agravado pela recessão econômica, pelos altos níveis de desemprego e subemprego, e pela violência em suas variadas formas. A sociedade brasileira encontra-se dividida, desorientada e desalentada, com sua agenda pautada por atores e interesses minoritários, e mesmo antinacionais, ambiente ideal para a proliferação de várias formas de morbidez social, entre elas a corrupção.
Somente a união de amplas forças políticas, econômicas e sociais, em torno de uma proposta de reconstrução e afirmação nacional, pode abrir caminho para a superação da crise atual. Tal proposta não pode ser apenas uma plataforma de metas econômicas e sociais, mas deve buscar sua inspiração no estado de espírito capaz de mobilizar amplamente os diversos atores da sociedade, com o objetivo comum de ver o País progredir de forma que os benefícios do desenvolvimento sejam percebidos por todos eles, levando-os a se sentirem como seus protagonistas ativos. Este projeto exige como pressuposto que a defesa e o desenvolvimento do Brasil sejam o fundamento para assegurar a efetiva expansão dos direitos sociais e da democracia.
A elaboração e implantação do projeto de construção e afirmação nacional não poderão limitar-se à classe política, mas terão que ser compartilhadas pelos mais diversos segmentos representativos da sociedade. Isto exige o afastamento de toda sorte de preconceitos motivados por ideologias e maniqueísmos, que se mostram insuficientes e limitados para permitir o entendimento da situação. Acima de tudo, é necessário abandonar a enganosa dicotomia entre Estado e Mercado, que tem servido apenas para mascarar a captura das estruturas do primeiro por coalizões de interesses particulares, substituindo-a por uma eficiente cooperação entre o poder público e a iniciativa privada, em prol do bem comum, como ocorreu e ocorre em todos os países que conseguiram enfrentar e remover os desafios no caminho do desenvolvimento duradouro e sustentável.
As gerações que nos antecederam ergueram material e espiritualmente o Brasil, em quatro grandes movimentos, a saber:
1) a formação da base física, a conformação do
território, do ano zero de 1500 e da originária Terra de Santa Cruz, ao Tratado
de Madrid, em 1750, que configurou de forma aproximada as atuais fronteiras
nacionais e iniciou o processo de mestiçagem que caracterizou a formação social
brasileira.
2) a epopeia da Independência, consolidada em
1822, representada nas figuras luminares de Tiradentes e José Bonifácio,
Patriarca idealizador de um projeto de Nação que ainda guarda grande
atualidade.
3) a fase da defesa e manutenção da unidade
territorial, com D. Pedro I e D. Pedro II e que se encerra com a libertação dos
escravos em 1888;
4) a República proclamada por Deodoro da Fonseca
e consolidada por Floriano Peixoto, que tem o apogeu em Getúlio Vargas e seu
ambicioso programa de industrialização e modernização do Estado, pondo em
prática aspirações anteriores dos movimentos Sanitarista, Tenentista e da Nova
Educação. A partir de Vargas o Brasil oscilou ao sabor das correntes varguista
e anti-varguista, até os nossos dias.
Hoje, nos marcos da economia globalizada e com o País em condições mais favoráveis que no passado, temos a missão de iniciar um novo projeto nacional, o quinto movimento, em três direções e três objetivos:
1) ampliar a soberania nacional com o pleno
desenvolvimento econômico, científico, tecnológico e dos meios de defesa do
País;
2) elevar a qualidade de vida do povo brasileiro
com a redução das desigualdades sociais; proteção da infância e da maternidade,
acesso à educação de qualidade, saúde e saneamento básico; combate sem tréguas
ao crime organizado e valorização da segurança pública contra o banditismo em
todas as suas formas;
3) fortalecer a democracia e a tolerância na
convivência entre os brasileiros, com realização de uma reforma política que
liberte nosso sistema político do controle de interesses corporativos e
oligárquicos e assegure o predomínio dos grandes debates dos temas nacionais na
esfera pública.
A crise nacional acontece em meio a um quadro
global de mudança de época, marcado por:
a) agravamento das consequências socioeconômicas
negativas da globalização dirigida pelas finanças especulativas
internacionais;
b) alteração do eixo geoeconômico mundial para a
Eurásia-Pacífico;
c) emergência de um cenário de poder multipolar,
em contraposição à unipolaridade do período posterior ao fim da Guerra
Fria;
d) novas revoluções científicas e tecnológicas e
rápida introdução de tecnologias inovadoras (Quarta Revolução Industrial), com
profundos impactos sobre as formas de produção de bens e serviços, níveis de
emprego, relações de trabalho, qualificação da força de trabalho e as próprias
relações sociais em geral.
Todos esses aspectos terão influência
determinante para o necessário projeto nacional brasileiro, que, por sua vez, é
condição decisiva para exercer influência sobre a dinâmica global. Por isso o
projeto nacional brasileiro precisa contemplar a relevância continental do
País, que ocupa metade da América do Sul, representa cerca de 50% da economia da
região, faz fronteira com dez outros países e representa a força motriz
potencial para a integração física e econômica do subcontinente. O Brasil deve
assumir definitivamente o papel de liderança benigna e não hegemônica do bloco
sul-americano, dando-lhe “massa crítica” para participar de forma eficaz e
positiva na reconstrução da ordem mundial que está em marcha.
É fundamental que o sistema financeiro reoriente
seus esforços para estimular e apoiar as atividades produtivas. Os títulos da
dívida pública não podem continuar sendo o investimento mais rentável do País,
como ocorreu no período de 2001-2016, muito acima de qualquer atividade
produtiva. A aspiração ao desenvolvimento não pode ser bloqueada pelos
interesses rentistas locais ou estrangeiros.
A reversão da desindustrialização que afeta o
País é crucial. O Brasil tem regredido dramaticamente em capacidade industrial,
principalmente no segmento de alta tecnologia, impactando as camadas médias da
sociedade, com a perda de empregos qualificados e de melhor remuneração. A
despeito da rapidez do processo, ainda temos uma das dez maiores e mais
diversificadas bases industriais do mundo. Além de recuperar a capacidade
produtiva, é determinante requalificar todo o setor industrial para enfrentar o
desafio da Quarta Revolução Industrial, baseada em elevados índices de
automação e conectividade, e intenso fluxo de inovações tecnológicas de
ponta.
A retomada do desenvolvimento brasileiro exige a
estruturação de cadeias produtivas de maior valor agregado baseadas em
conhecimento nacional. Isto, por sua vez, requer a ampliação dos investimentos
públicos e privados em todas as dimensões da educação e geração do conhecimento
e de sua aplicação inovadora na economia nacional, incluindo o apoio efetivo e
criterioso à capacitação e elevação da produtividade das empresas nacionais. O
Estado Nacional deverá passar também por uma profunda reforma que incorpore e
internalize no seu sistema de controles o princípio da incerteza que rege a
descoberta científica e a dinâmica da inovação, de forma a não travar a
atividade de pesquisa ou inibir a criatividade do empreendedor.
Aos alarmantes índices de deficiências
educacionais da população matriculada na rede de ensino, soma-se a crescente
degradação do ambiente escolar, com o aumento da violência e o abandono das
noções de disciplina e hierarquia, sem as quais o esforço de aprendizagem está
fadado ao fracasso. A realidade tem demonstrado que além da destinação de
recursos é urgente a retomada da questão educacional como prioridade central do
Estado, que deve protegê-la dos vícios do corporativismo, enaltecer o papel do
professor e restaurar sua autoridade dentro da sala de aula e na
sociedade.
A agricultura, a pecuária e a agroindústria
constituem ativos econômicos, sociais, culturais e geopolíticos de grande
importância para o Brasil. Mesmo enfrentando a forte e subsidiada concorrência
dos criadores e agricultores europeus e norte-americanos, nossos, pequenos,
médios e grandes produtores abastecem o mercado interno e ganham cada vez mais
espaço no comércio mundial de alimentos. O status de grande produtor de grãos e
proteína gera para o Brasil, além de divisas, respeito crescente num mundo cada
vez mais carente de segurança alimentar. O Brasil deve valorizar social e
culturalmente seus trabalhadores, criadores e produtores rurais, protegê-los
com financiamento, crédito e seguro; destinar recursos para ciência, tecnologia
e inovação para melhorar a produtividade de todas as atividades a eles
relacionadas.
As Forças Armadas são instituições fundadoras da
nacionalidade e do Estado Nacional e cumprem a dupla missão de defender e
construir o País. Do programa nuclear ao nosso primeiro computador, da pesquisa
espacial, indústria aeronáutica e defesa cibernética, as instituições armadas
têm cumprido papel de vanguarda e pioneirismo. Cumprem missão humanitária
socorrendo os índios e ribeirinhos da Amazônia ou as vítimas da seca no sertão
nordestino sem perder o etos de organização de combate e de defesa da
Pátria.
Portanto, é preciso valorizar e reconhecer as
Forças Armadas brasileiras, seus feitos e seus heróis, seus valores,
patriotismo e elevado espírito de generosidade e solidariedade para com a
comunidade. Tal atitude deve ter sentido educativo para as crianças e para a
juventude exposta ao ambiente de corrosão dos valores da nacionalidade com que
convivemos no dia a dia.
A política ambiental deve refletir um real
compromisso com o desenvolvimento sustentável do País, em vez de simplesmente
se enquadrar em agendas formuladas por atores e interesses externos. Entre
outras prioridades, deverá enfocar as deficiências em saneamento básico,
disposição de lixo, ocupação irregular de áreas de risco, e a ampliação da
infraestrutura de previsão e resposta a emergências causadas por fenômenos
naturais.
Da mesma forma, é preciso uma urgente
redefinição da política para as populações indígenas, compatibilizando-a com o
direito de toda a população a uma evolução civilizatória digna, respeitando-se
as suas tradições culturais e sua contribuição decisiva para a constituição da
identidade nacional. Somente assim será possível assegurar-lhes uma integração
gradativa à sociedade nacional, como cidadãos plenos e aptos a dispensar,
eventualmente, a tutela permanente do Estado.
Alvo de pressões e cobiça internacional, a
Amazônia clama por ações efetivas de controle e afirmação da soberania sobre
seu imenso território, e por políticas públicos de estímulo e apoio ao seu
desenvolvimento e de proteção de suas populações indígenas e ribeirinhas e da biodiversidade.
Nossa produção artística e cultural, em sintonia
com os grandes movimentos da Nação, inventou o Brasil ao longo da sua história.
É importante defender e promover o rico e variado patrimônio cultural da Nação
brasileira, sua língua, suas tradições e múltiplas manifestações, sua
criatividade e seu potencial de desenvolvimento econômico, enfrentando as
práticas concentradoras e restritivas dos grandes conglomerados internacionais
da mídia e da internet.
O Brasil deve promover e exaltar a participação
da mulher na construção do País e reconhecer em nossas antepassadas indígenas,
africanas e europeias relevante papel na constituição da Nação e na formação da
identidade do povo brasileiro.
A luta sem trégua contra o preconceito racial no
Brasil se impõe pela valorização da herança e contribuição africana na formação
da cultura e da identidade nacional brasileira e pela celebração da mestiçagem
como traço decisivo de nosso legado civilizatório. Devemos repudiar qualquer
tentativa de se introduzir no Brasil modelos importados de sociedades que
institucionalizaram o racismo em suas relações sociais.
O combate à corrupção deve ser um objetivo
permanente da sociedade e do Estado, mas não se pode paralisar o País a
pretexto de se eliminar um mal que é endêmico nas economias de todo o
mundo.
O Brasil precisa voltar a crescer. Esta é a
questão central. Não há como sanear as finanças públicas sem que a economia
cresça e a arrecadação tributária aumente. Não há como se negar que o Brasil
precisa de reformas que corrijam distorções, eliminem privilégios corporativos,
facilitem a empregabilidade e o funcionamento da economia. Mas não haverá
equilíbrio da Previdência se não houver emprego e arrecadação. Não haverá
reforma que convença o empreendedor privado a investir se não houver
perspectiva de demanda. E para o Brasil voltar a crescer, o primeiro consenso a
ser alcançado é que todos se convençam disso. Nenhum homem ou mulher de boa
vontade irá se opor a algum sacrifício se isso significar esperança para si e
futuro para seus filhos. Mas todos precisam abrir mão de alguma coisa. São
inaceitáveis reformas que descarreguem o peso do ajuste sobre os ombros dos
mais fracos e protejam os interesses de grupos elitistas que concentram o
patrimônio nacional.
O Brasil é um País rico, principalmente em
recursos humanos. Se todos puderem compartilhar do desenvolvimento dessa
riqueza ele será mais próspero e feliz. Ninguém é contra que os mais capazes e
talentosos se enriqueçam. Ninguém é contra que quem empreenda tenha a justa
recompensa pelo seu esforço. Mas o Brasil não precisa, não deve e não pode ser
tão desigual. Esse é o grande acordo que precisa se estabelecer na sociedade
brasileira. É em torno desse ideal transcendente de grandeza nacional e de
justiça que devem se unir os brasileiros de todas as classes, profissões,
origens, condições sociais e credos.