sábado, 6 de abril de 2013

O Fator Eduardo Campos, o fim de um bloco político-ideológico?


Foto: Eu não sei vocês, mas eu acho que essa história de Eduardo Campos sair candidato só para "ganhar espaço na mídia" é uma tremenda furada (para ele). "Candidatura só para ganhar espaço na mídia" é quando vc entra sem chance de ganhar, só para se fortalecer com vistas a disputas futuras. Pode funcionar com quem disputa uma prefeitura querendo ser candidato a deputado dali a dois anos, mas para presidente são outros quinhentos. Se vocês bem se lembram, Garotinho tentou uma candidatura dessas, em 1998. Ciro Gomes tentou a mesma coisa duas vezes, 1998 e 2002. Pois bem, quem se lembra deles, hoje? Nunca se tornaram alternativa de poder. Sem falar em Cristovam Buarque, Heloísa Helena etc. etc. Candidatura a presidente tem que ser pra valer, pra disputar de verdade, fortalecida com alianças e um sólido discurso de alternância de poder, para ser levada a sério desde o início. A pior forma de entrar é quando vc entra e as pessoas interpretam que na verdade vc só está se preparando para a próxima disputa, dali a quatro anos. Como duvidar não custa nada, eu duvido que Eduardo queira cumprir este papel.
Popular cumprimenta o Governador Eduardo Campos 


Tenho recebido diversas mensagens pedindo algum comentário/postagem em relação à antecipação do debate sobre a sucessão presidencial, mencionando-se especificamente o 'Fator Eduardo Campos'. Talvez o fato de eu ser um pernambucano (e também um pouco norte-riograndense) vivendo em João Pessoa, contribua para estas solicitações em relação ao Governador de Pernambuco. Por agora, um breve comentário. 

Trata-se realmente de uma antecipação. Em outros democracias, considerar-se-ia, no mínimo, precipitado antecipar um debate eleitoral há mais de um ano da realização do pleito. Contudo, parece haver razões estruturais e conjunturais para tanto. As duas principais forças políticas do Brasil pós-redemocratização, o PT e o PSDB, têm polarizado a cena nacional há já cerca de uns vinte anos. Desde 1989, quando constituiu a chamada Frente Brasil Popular, o PT tem liderado um bloco político-ideológico onde o PC do B e o PSB são históricos (com exceção de 2002, quando o PSB teve como candidato a Presidente o ex-governador Anthony Garotinho). Não se pode, em retrospectiva histórica, colocar em questão a fidelidade do PSB a esse bloco - neste sentido, basta lembrar que o Partido chegou mesmo a 'rifar' a candidatura presidencial de Ciro Gomes, em favor da Presidente Dilma Rouseff. Tenha-se em linha de conta também o seguinte: os anos petistas no Planalto, ao que tudo indica, levaram o Partido a 'um certo afastamento' dos seus aliados históricos, em função da aproximação com ouros legendas, designadamente o PMDB (a justificativa repisada é a da 'governabilidade', mas talvez o tratamento dispensado aos aliados históricos não decorra só disso). É neste cenário que o Governador Eduardo Campos, neto do lendário ex-Governador Miguel Arraes, tem se movimentado. Em princípio, e só em princípio mesmo, parece-me que há prenúncios do rompimento do bloco político-ideológico constituído no país desde 1989, com a chamada Frente Brasil Popular. Mas ainda é cedo, muito cedo, para emissão de juízos mais conclusivos. Vamos aguardar os próximos capítulos. Voltarei ao assunto. 

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