Por Rogério Getile
Após
uma eleição esquizofrênica em que o governo o tempo todo prometeu mudanças
("mais mudanças") e a oposição ficou repetindo que ia manter isso ou
aquilo, as explicações do PSDB para a derrota de domingo surpreendem pela falta
de senso crítico.
Os
tucanos até agora formularam duas grandes justificativas complementares. A
primeira, expressa por FHC, atribui o resultado ao tom agressivo da campanha de
Dilma, como se isso tivesse sido uma prerrogativa do PT. Não foi, obviamente.
O
PSDB também bateu duro nos adversários. A diferença é que Aécio, embora
político com muito mais traquejo do que Dilma, caiu na armadilha presidencial.
A petista atacava o tucano no debate da Bandeirantes, citava seus familiares,
quando o ex-governador levantou o dedo e lascou um "leviana", achando
que poderia repetir com a presidente a mesma virulência que usara no primeiro
turno com Luciana Genro. Não podia.
Muito
bem explorado pelo PT e por Lula nos palanques, o adjetivo voltou-se contra
Aécio como um bumerangue. O candidato, que estava numericamente à frente de
Dilma nas pesquisas, começou a perder apoio de parte do eleitorado, sobretudo o
feminino, o que lhe foi fatal.
A
segunda explicação do PSDB para a derrota beira a arrogância, a mesma que
motivou tucanos, duas semanas antes da eleição, a tratarem da montagem do
eventual governo Aécio como se a vitória fosse apenas uma questão de tempo. Não
era.
Desde
domingo, aliados de Aécio reclamam que "Minas falhou com um grande
estadista" e que os "mineiros não quiseram ter um presidente na linha
de JK". O PSDB, que esperava obter 2 milhões de votos a mais do que Dilma
no Estado, perdeu em 608 das 835 cidades, em várias delas por mais de 80% dos
votos.
Ou
seja, para os tucanos, a derrota não foi motivada por erros do candidato ou do
partido, tampouco ocorreu por mérito da adversária. A culpa, ora bolas, é do
eleitor.
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