A seguir, uma resenha do livro do jornalista pernambucano Paulo Santos de Oliveira sobre a Revolução Pernambucana de 1817. Um romance. O amor proibido entre o líder Domingos Martins e Maria Teodora da Costa, filha de portugueses. Poder, luta e paixão. Uma história de 74 dias, com pretensão de universalidade - a Revolução das ideias e do coração.
Por Elenilson Nascimento
Esse é um
romance histórico excelente do jornalista Paulo Santos de Oliveira, que descreve o movimento revolucionário
de 1817 com total fidelidade aos fatos que é um daqueles frutíferos momentos de
interdisciplinariedade em que o direito se encontra com a história e com a
política.
Segundo o autor, naquele ano formou-se uma república progressista no Nordeste e
os brasileiros tiveram governo próprio, exército, marinha, constituição,
bandeira, embaixadores no exterior, e fez-se valer aqui os princípios da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão,
tudo pela primeira vez. Essa aventura apaixonada é narrada por Domingos Martins, o principal
líder revolucionário, e pela filha de portugueses Maria Teodora da Costa, que viveram um amor proibido e fizeram o
casamento talvez mais importante já realizado no País.
Comecei –
depois da leitura do livro – por delimitar um entendimento acerca do poder dos
governos e suas relações com os movimentos revolucionários em geral, tentando
demonstrar o seu modo de atuação nos momentos de ruptura institucional que as
revoluções como a norte-americana, a francesa e também a pernambucana
propiciaram. E através do livro de Paulo Santos sobre a Revolução Pernambucana de 1817,
momento tão importante e crucial de nossa história, e pouco lembrado até pelos
próprios pernambucanos e professores de História, pude constatar a vasta
pesquisa histórica que o autor realizou para escrever o romance com detalhes
raramente lembrados, como a efetiva, embora efêmera, implantação de uma
República pernambucana, assim como de sua Lei Orgânica, praticamente uma primeira constituição no Brasil.
Publicado pela Comunigraf,
e na já na segunda edição, essa obra foi relançada no Recife e lançada em
várias cidades do interior pernambucano com apoio da Fundarpe eGoverno do Estado de Pernambuco, e com recursos do Funcultura 2007. Paulo Santos é
jornalista e recifense da safra de 1952, foi cartunista nos anos 70, publicando
na Folha de São Paulo, em revistas da Editora Abril, no Jornal
do Brasil, e na revista experimental de quadrinhos "Balão".
Em
Pernambuco, trabalhou em vários jornais e foi correspondente das publicações da
imprensa alternativa “Movimento” e “Em Tempo”. Na década de 80,
o autor coordenou a ECOS -
Equipe de Comunicação Sindical, organização de assessoria aos
movimentos sindical e popular. Nos anos 90 criou a “Estado da Arte” e a “Plug Multimídia”, empresas de
assessoria em comunicação e desenvolvimento de software educativo. Esse livro “A Noiva da Revolução” é o
seu primeiro romance publicado.Enfim, o livro trata dos detalhes dos
personagens históricos do movimento revolucionário, com destaque para o amor
"proibido" entre o líder Domingos Martins e a filha de portugueses
Maria Teodora da Costa (um "Romeu
e Julieta" real e à pernambucana). Bem bacana.
Achei
ótima a ideia do Paulo Santos de romancear a história com substancial
fidelidade histórica aos acontecimentos reais. Mas a leitura termina por
atingir muito mais curiosos do que uma pesquisa histórica mais científica e
objetiva, e desperta o interesse das novas e velhas gerações por um
acontecimento tão importante da história pernambucana e brasileira. Comprei o
livro por acaso, mas não é por acaso que ele está sendo resenhado aqui no
COMENDO LIVROS, com a leitura já efetuada.
P.S. O livro enfatiza também o "esquecimento proposital" da referida
República de 74 dias, comparando, por exemplo, com um movimento como a
Inconfidência Mineira, política e historicamente de muito menor importância.
Portanto, recomendo “A Noiva da
Revolução” para quem quer ter mais informações sobre a nossa
história.
(A Noiva da Revolução, de Paulo Santos de Oliveira, 407 págs, Recife: Comunigraf, 2007)
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