segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Educação Profissional e os desafios do emprego: os dilemas do trabalho

Editado há cerca de quarenta anos, no Rio de Janeiro, o Boletim Técnico do SENAC é um periódico de referência nas pesquisas e estudos sobre a educação profissional e o mundo do trabalho, integrando o sistema classificatório nacional de ciência e tecnologia. A edição atual reúne um conjunto de trabalhos de interesse tanto para os pesquisadores da área como para o público em geral, como pode ser visto abaixo. Lá estou com um artigo a respeito dos rumos do debate teórico sobre o trabalho.

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHPMKPU1oPWdwus4hqkjzrTv6rb2In3S1BWHFcew2gD76Ejjgm9Lh8-v3ne8Hfr9M8xHfaT30bYjH3aPhwiSMrQZmfD_Jeu9_3ueKJWfqjjNkcNEXKEgZ5OY8awG7IT0pjOlT1vsA7ayQ/s1600/fne_alerta_para_as_tendencias_do_mercado_de_trabalho_apos_a_crise_economica.jpg

 Edição v.38, nº2 – maio/agosto de 2012


A Revista da Educação Profissional, publicada desde 1974 pelo Departamento Nacional do Senac, tem como objetivo estimular a reflexão e a produção intelectual no domínio das relações entre educação e trabalho. Editada quadrimestralmente, abriga artigos inéditos, entrevistas e resenhas de autores nacionais e internacionais.
Acompanhe nessa edição os seguintes trabalhos:

Artigos:
Ascensão Bastos e Altina Ramos
Ivonaldo Leite
Luiz Alberto Azevedo, Eneida Oto Shiroma e Marival Coan
Gerardo Capano e Ivo Steffen
Gianna Oliveira Bogossian Roque, Marcus Vinicius de Araújo Fonseca e Gilda Helena Bernardino de Campos

Documento:
Melissa Dietrich da Rocha e Marília Andrade Torales

Entrevista:
A filósofa e consultora da OIT/Cinterfor, Clarita Franco de Machado, é entrevistada pela editora do Boletim Técnico do Senac, Márcia Leitão

Resenha das Obras :
§                                 BARBOUR, Rosaline. Grupos focais. Porto Alegre: Artmed, 2009.
Elaborada por Janete Palazzo
Elaborada por Leonardo Claver

domingo, 9 de setembro de 2012

O Tempo, a Terra e a Lua

Marcelo Gleiser, físico brasileiro que vive nos Estados Unidos, onde tem uma destacada vida acadêmica,  é detentor de uma enorme capacidade de traduzir as "difíceis coisas da ciência" numa linguagem de fácil compreensão. O seu livro A Dança do Universo é um bom exemplo disso. Mas não só. Os textos que publica no Jornal Folha de São Paulo são primorosos no que entendo ser jornalismo de divulgação científica. O que a seguir reproduzo é uma amostra neste sentido. 
MARCELO GLEISER

Um dia, a Lua ficará posicionada sobre o mesmo ponto do nosso planeta, como fazem certos satélites
A Lua, segundo as teorias mais recentes, veio da Terra, arrancada por uma colisão cataclísmica com um planetoide do tamanho de Marte. Isso ocorreu na infância do Sistema Solar, uns 4,5 bilhões de anos atrás. Para quem aprecia referências bíblicas, a Lua é como Eva, nascida da costela de Adão, no caso, a Terra.
A matéria que foi assim arrancada acabou por se dispersar em torno da Terra e, aos poucos, foi se reaglutinando em um único corpo celeste, fadado a girar em torno de seu astro criador pela inexorável ação da gravidade.
Com isso, Terra e Lua têm suas dinâmicas interligadas desde a sua origem. Como a Lua veio da Terra, sua distância até nós já foi bem menor. Se hoje a Lua ocupa não mais do que uma área equivalente a uma unha no céu (em torno de meio grau), ela já foi bem mais visível.
Essa proximidade, devido ao fato de a força da gravidade cair com o quadrado da distância, significa que, no passado, a influência da Lua sobre a Terra, e a da Terra sobre a Lua, era muito maior.
Hoje, o efeito mais óbvio dessa atração são as marés, duas altas e duas baixas por dia. Fazendo as contas, a força das marés varia com o cubo da distância, sendo ainda mais sensível a ela do que a atração gravitacional. Portanto, no passado, as marés eram mais dramáticas do que são hoje.
A intensidade era tal que oceanos podiam se elevar por centenas de metros, e a própria crosta terrestre pulsava, variando em altitude por dezenas de metros, como se fosse feita de massa de modelar. Aos poucos, a Lua foi se afastando da Terra, como continua a fazê-lo, numa taxa de 4 cm ao ano. Isso significa que o efeito de maré diminui com o tempo. E os dias vão se tornando cada vez mais longos.
Muita gente me pergunta se o tempo anda passando mais rápido do que antigamente. A resposta é não; um minuto continua sendo um minuto, já que a definição de minuto não mudou. O que muda sempre é a duração do dia, mesmo que de modo imperceptível para nós. Estimativas atuais afirmam que a duração de um dia, uma revolução completa da Terra em torno de si mesma, aumenta 1,7 microssegundos por século. Com esse passo de tartaruga, meio bilhão de anos atrás o dia durava um pouco mais de 22 horas, e um ano tinha 397 dias.
Esse efeito vem, também, das marés. A Lua, que hoje nos mostra sempre a mesma face, já girou de maneira diferente. No futuro longínquo, com a desaceleração contínua da rotação da Terra, o dia durará 47 horas, e a distância até a Lua será 43% maior do que é hoje.
A essa altura, a Terra girará em torno de seu eixo com o mesmo período no qual a Lua girará em torno da Terra. A Lua estará sempre sobre o mesmo ponto do nosso planeta, como hoje o fazem os satélites geossíncronos. Será um futuro estranho, muito diferente de hoje, quando a Lua ainda é generosa com todos na Terra. Mas isso só ocorrerá dentro de bilhões de anos.
Pensando sobre esses efeitos, vemos como tanto em nossas vidas é produto de convenções que, mesmo se tomadas como permanentes, não o são. Tudo vem da nossa percepção da passagem do tempo, a qual, numa vida de apenas uma centena de anos, é cega aos percalços lentos da dança dos astros.
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MARCELO GLEISER é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA)

sábado, 8 de setembro de 2012

Paulo Diniz: I don't want to stay here, I want to go back to Bahia

Artista de primeira grandeza, o pernambucano, de Pesqueira, Paulo Diz é um caso raro de dedicação à boa música. Referência nos anos 1960/1970, hoje, enfrentando os contratempos do destino, com uma doença, canta numa cadeira de rodas. Tem sido referido como uma 'lenda viva da MPB'. Vale a pena ouvi-lo. 




quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Uma esquerda equivocada

O artigo baixo, da lavra de dois acadêmicos, publicado pelo Jornal Folha de São (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/64621-uma-esquerda-equivocada.shtml), traz à mesa, quanto mais não seja, a necessidade de se fazer um debate com consistência analítica sobre a 'a questão Síria'.





Quando milicianos leais a Bashar Assad, sob o comando do exercito sírio, invadiram o vilarejo de Houla, em 28 de maio, Muawiya Saayed mandou as mulheres e crianças refugiarem-se no vizinho.
Sua esposa ficou escondida entre as plantas do jardim. De lá, ouviu os gritos do marido e do filho mais velho sendo torturados e executados pelas forças de Bashar.
Na correria para fugir, ficou para trás a caçula, de 8 anos. Pouco depois, o corpo da pequena Sara viria somar-se a outros 107 computados, na aldeia, por observadores da ONU.
Quase tão chocante como episódios desta natureza tem sido a atitude de algumas figuras emblemáticas do continente sul-americano diante da situação.
No Brasil, parte significativa da esquerda, incluindo intelectuais, dirigentes de sindicatos e movimentos sociais, partidos e deputados comprometidos com a luta contra a violência de Estado, além de velhos combatentes à ditadura militar verde-amarela, apoiam um regime cuja brutalidade cresce de maneira assustadora.
Alegando que Bashar seria anti-imperialista e, portanto, preferível à "turma da Otan e seus asseclas regionais", eles fecham os olhos para um dos mais atrozes crimes contra a humanidade do século 21.
Não há dúvida de que a revolução síria, iniciada de forma pacífica há 18 meses, tem acumulado contradições intrínsecas ao processo e exacerbado divisões sectárias entre alauítas, sunitas e cristãos.
Mas, ao negar solidariedade aos oprimidos, essas esquerdas desprezam os princípios fundamentais da cartilha marxista. Pior: fazem coro aos inaceitáveis comentários vindos de Caracas, onde Hugo Chávez chamou Assad de "líder árabe socialista, humanista, irmão, com uma grande sensibilidade".
Ignorando o caráter de massas da oposição, o chefe bolivariano descreveu seu "companheiro" como vitima de um complô norte-americano para desalojá-lo do poder.
Ora, nem a realpolitik absolve tais palavras.
A ideia de Assad como inimigo dos ianques não tem lastro histórico. Segundo documentos revelados pelo site WikiLeaks, o governo de Damasco não só praticou tortura terceirizada a mando da CIA como possuía, até muito pouco tempo atrás, relações estreitíssimas com a referida agência.
Verdade seja dita, a amizade entre a Casa Branca e a família Assad vem de longe. O pai, de quem Bashar herdou o trono de presidente, prontamente integrou a coalizão liderada por Bush pai, em 1992, para invadir o Iraque. Em 1976, quando a Síria ocupou o Líbano com o objetivo de derrotar o movimento nacional palestino, os Assad contaram com o respaldo direto de Washington e Tel Aviv. Não por acaso, os Estados Unidos se preocupam menos com a contingência de Assad possuir armas químicas do que com a possibilidade delas saírem de suas confiáveis mãos.
Buscando justificar o injustificável, sob a defesa de uma suposta soberania nacional, os ditos anti-imperialistas fingem não ver as bases militares russas nas praias da Síria, por onde circulam bilhões de dólares em máquinas de matar enviadas por Moscou.
Outros citam a presença de integrantes da Al Qaeda no confronto armado. Reproduzem, de maneira fiel, os argumentos utilizados por Washington na sua tentativa de desqualificar a resistência iraquiana.
E vão além. Ao apresentarem Bashar como herói antissionista, esquecem que sob seu governo as fronteiras do país foram as mais seguras para Israel, que tinha como líquida e certa a posse definitiva das Colinas de Golã.
Por sorte, enquanto setores da esquerda encenam um papel lamentável, o povo sírio prossegue com heroísmo na sua luta desigual.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Na 'cor do tempo quando passa'

Leont Etiel, dele por aqui já dei notícias. É uma figura de muitas paragens  e de paisagens de passagem. Na espreita da 'cor do tempo quando passa'. Abaixo, mais um produto da pena dele que por esses dias me chegou.



EXISTÊNCIA (Leont Etiel)

E então deste cimo
Observa-se
Os tempos, os tempos
Os vultos
Daqueles que se enganam
Dela fugindo
Existência
Uma silhueta recortada contra o vento
Por que cá estou?
Por quê?
Chuvas ácidas
O mundo concreto...
Sim, sim, é o horizonte: o viajante sem sombra
Dies certus an incertus quando
Sem dela se esconder
E pensa o que tudo é diverso e possível
Existência
E assim cá estou
Em acto, em acto
Isto é sem renúncia
Olhar lúgubre à esquina do passeio
Mas cá estou
Algures na bancada um petardo luminoso
Talvez, talvez, um passo no asfalto
Tabernas do dia e da noite
Do inesperado
O vinho borbulha
Cá estou
Em acto
O sempre retomado labirinto mental
Espreita-se a morte na cidade
Cisão mais grave suspensa
Pernas a esboçarem um passo
Cá vou
Desenhar e preencher um corpo por delito
Lábio a lábio
Uma nota sobre um piano abandonado
There is a party in my mind
And I hope it never stops
Então cá estou
Neste cimo
Um poema
Inacabado
Venha o vento...

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Do emprego à análise do trabalho: Ricardo Antunes no Roda Viva

Ricardo Antunes é, por certo, um cientista social brasileiro de referência nas discussões sobre o mundo do trabalho. Com uma argúcia analítica que não limita o marxismo a uma mera petição de princípios, Antunes bem sabe combinar, à maneira dialética, a movimentação entre o abstrato e o concreto, produzindo abordgens criativas sobre este conturbado mundo social que vivemos.  A conferir isto hoje (03/08), na TV Cultura, no Programa Roda Viva, às 22h00.

Notícia: http://tvcultura.cmais.com.br/rodaviva/roda-viva-discute-o-mundo-do-trabalho-com-ricardo-antunes


Ricardo Antunes

O próximo Roda Viva recebe um dos mais destacados sociólogos marxistas da atualidade, cujos estudos se direcionam para o tema trabalho e suas novas formas de relação dentro do mundo capitalista contemporâneo. O programa da TV Cultura vai ao ar na segunda-feira (3/9), às 22h.
Com as mudanças relativamente recentes no sistema de trabalho, que vão desde a terceirização de serviços, o aumento na procura pelos concursos públicos, a contratação de PJs, o trabalho por tarefa até o uso de celulares e e-mails no trabalho, Ricardo deve analisar as transformações ocorridas nesse universo e as consequentes implicações nos planos social e político.
Professor do Departamento de Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp, Ricardo Antunes também é autor de livros sobre o assunto, entre eles O caracol e sua concha – ensaios sobre a nova morfologia do trabalho, Adeus ao trabalho? e Os sentidos do trabalho.
Apresentado pelo jornalista Mario Sergio Conti, o Roda Viva conta, nesta edição, com os seguintes entrevistadores convidados: Liliana Segnini (professora titular em Sociologia do Trabalho da Universidade Estadual de Campinas); Leny Sato (professora titular do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo); Eleonora de Lucena (repórter especial do jornal Folha de S. Paulo); Mônica Manir (editora do Caderno Aliás do jornal O Estado de S. Paulo); Alexandre Teixeira (jornalista e escritor). O Roda Viva também conta com a participação do cartunista Paulo Caruso.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Estio do tempo: digressões do romantismo

Na história do pensamento ocidental, nomeadamente na aurora do romantismo, filosofia e arte experimentaram uma proximidade inédita. Era a Alemanha na viragem do século XVIII para o XIX. Altura, entre outros, de Schiller e Goethe.  Tempo dos primeiros românticos alemães, que não só teorizavam uma filosofia da arte, mas punham em movimento a arte a filosofar. A marcha da cauda do cometa da visão romântica do mundo. No silêncio introspectivo. Na distância do tempo presente. Para a continuidade dessa prosa, vale a leitura do, relativamente novo, Estio do Tempo: Romantismo e Estética Moderna (Editora Zahar), do Prof. Pedro Duarte.    

 

domingo, 26 de agosto de 2012

International law and Julian Assange


Do you know what’s international law? Seems it’s the set of rules which were created to protect the interests of some countries. It means few countries.  In this way, what is happening actually in Ecuador’s Embassy in London is a paradigmatic example.



Julian Assange can stay in embassy for 'centuries', says Ecuador
Britain should withdraw 'threat' to storm building in Knightsbridge, say Ecuadorean officials  
Ecuadorean embassy
Ecuadorean officials have said that Britain should renounce its "threat" to storm the country's London embassy, and that WikiLeaks founder Julian Assange could remain inside the building for as long as he wanted – "two centuries" if necessary.
The officials said there had been no contact with the Foreign Office since last Thursday, when Ecuador's president Rafael Correa announced he was granting Assange asylum. Ecuador was keen to resume negotiations with the UK, the officials said, but added that William Hague should now take back a threat to enter the embassy as "an indication of good faith".
Ecuadorean diplomatic sources also insisted there had been no secret deal to grant Assange asylum. They said Assange simply turned up at the front door two months ago at midday and rang the bell. The Ecuadorean ambassador, Ana Alban, was forced to dash home to fetch a blow-up mattress for Assange to sleep on. Since he took up residence, the embassy had got a bigger fridge, the sources said.
The UK last week gave a written warning to Quito saying that it could invoke the Diplomatic and Consular Premises Act 1987 to arrest Assange inside the Knightsbridge embassy. This prompted a furious response from Quito. Hague later clarified that the FCO was not threatening to "storm an embassy". On Thursday, however, an Ecuadorean diplomatic source said: "The threat hasn't been withdrawn." The source suggested that the police presence around the building was excessive, with the embassy under siege at one point last week and still surrounded by dozens of policemen now. "It was amazing. There used to be four or six policemen since Mr Assange got here. Suddenly there were three trucks of police surrounding us. There were police on the interior stairs. There was even one in the window of the toilet. It was clearly a message."
Ecuadorean officials said they still believed a compromise over the Assange case was possible. They said Sweden and the UK should give political assurances that the WikiLeaks founder, who faces allegations of sexual misconduct in Sweden, would not be re-extradited from there to the US. Failing that, they said Britain should grant him safe passage so he could fly to Ecuador.
There seems little prospect that the UK will agree to this. The Foreign Office says it is legally obliged to extradite Assange to Sweden. Both sides now appear to be settling in for the long haul.
Asked how long Assange might remain at the embassy, an Ecuadorean official said: "However long it takes. Eight years. Two centuries." The official said it was ridiculous to suggest diplomats would try to smuggle him out.
On Thursday the FCO said in a statement: "We have made clear we are committed to a diplomatic solution.
"We will be sending a formal communication today to the Ecuadorean embassy. We will not go into the detail of private discussions."
On Wednesday the news agency Reuters, citing US government sources, said Washington had issued no criminal charges against Assange. His supporters claim the US is plotting to extradite and to execute him. Obama administration officials remain divided over the wisdom of prosecuting Assange, Reuters said, and the likelihood of US criminal charges against him is probably receding rather than growing.
On Friday foreign ministers from across Latin America will meet in Washington to discuss the Assange case. A draft resolution from the Organisation of American States calls on the UK to comply with the 1961 Vienna Convention on Diplomatic Relations and to respect the "inviolability" of the Ecuadorean embassy. The Foreign Office has been lobbying South American states to abstain. On Thursday, however, one Ecuadorean official predicted the FCO's efforts were doomed, adding: "Most Latin American countries are working as one [on this]."
On Sunday Assange made his first public appearance since walking into the embassy in June, addressing crowds of journalists and supporters from a first-floor balcony window, with Metropolitan police officers a few feet below him on the pavement. He called on President Obama to abandon his alleged "witch-hunt" against WikiLeaks. Assange also thanked several other Latin American countries for their support – implicitly warning Britain that any dispute with Ecuador could rapidly snowball into a conflict with the entire region. He said nothing about allegations by two Swedish women that he sexually assaulted them.
TodayOn Thursday Ecuadorean officials denied that it had been a provocative move to allow Assange to use embassy property to berate the United States. "It was the balcony or a window," one said. "He had to deliver a message. A lot of people were wanting to know what he looked like. They wanted an image. It had political value."
The officials also shrugged off criticism of Ecuador's record on press freedom, which has come under increasing scrutiny since Assange sought asylum. "Walk around the streets of Quito, hear the radio and watch TV, and see what some journalists say about the government. There is a lot of freedom," one source said.
Scotland Yard has declined to comment on the policing operation at the embassy, while the FCO has said the letter sent to Ecuadorean authorities on Wednesday of last week was not menacing and that the rights of the country's officials would continue to be respected by the government.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

O dia de Borges e o "tudo que é próximo se afasta"

Ora bem, vamos a ver. Ontem foi o dia do centenário de Nelson Rodrigues; hoje, o dia do argentino Jorge Luís Borges (24/08/1889-14/06/1986). Disse ele, certa feita, que "o livro é uma das possibilidades de felicidade de que dispomos". E como é! Embora isso possa causar estranheza à atual cultura da banalidade. Pouco importa. O que vale é o que é, para quem assim quiser que seja. Neste breve aqui, ou como diria ele: "aqui também essa desconhecida/e ansiosa e breve coisa/que é a vida" - o tempo, onde tudo que é próximo se afasta... Na trilha desta prosa, e por hoje ser o dia de Borges, "reposto" o texto abaixo, que originariamente escrevei para a Revista Portuguesa A Página da Educação.




SER NO TEMPO: DISTÂNCIA DO PRESENTE


Ivonaldo Leite
Alles nahe werde fern - “Tudo que é próximo se afasta”. Ao dizer assim, Goethe referia-se ao crepúsculo do cair da tarde, mas, como bem notou Jorge Luís Borges, o axioma goetheano pode ter como endereço a própria vida, às perdas que ela impõe a todos ao longo dos tempos. Privado da visão, na escuridão da cegueira, Borges foi emblemático: "Ao entardecer, as coisas mais próximas já se afastam de nossos olhos, (...) Todas as coisas vão-nos deixando. A velhice deve ser a suprema solidão, salvo que a suprema solidão é a morte".


Por certo, é melancólico que o mundo visível se tenha afastado dos olhos de Borges quando da manifestação crepuscular de uma existência que, pela sua produção espiritual, negava o perecer e o sagrava pela consagração da sua obra. Ser e tempo. Neste particular, ponto para Heidegger. Todos nós estamos, de facto, na possibilidade de recorrer à vontade e à inteligência para conduzir as emoções; isso prova uma certa primazia do querer e do saber sobre o sentir. Contudo, esse recurso à inteligência e à vontade não nos deve levar ao erro de negar que estamos primeiro no sentimento. A existência-no-mundo é uma grande emoção: é o sentimento de estar atirado numa situação que nos parece desviada de nossa verdade e tremendamente perigosa. Ao que se nos apresenta a trilha a seguir.


O permanente do pensamento é o caminho. Nos caminhos do pensamento, escondem-se as possibilidades misteriosas de nele podermos avançar retrocedendo, de o próprio caminho de retorno nos conduzir para adiante. Na penumbra da sua luz, o pensamento vê a realidade iluminada. E nós, habitantes de sua iluminação. Mas a sua pouca luz, em vez de sossegar, inquieta a nossa ignorância, afinal é próprio do pensamento estar em dúvidas e cheio de enigmas. O presente do que estava próximo, do que foi, passou, e agora, distantes, olhamos o ser no tempo pretérito indagando-nos a respeito do que ocorreu, sob o impulso dos raios de luz emanados do acto de pensar.


A sobrevivência de uma realidade finita, que para trás ficou, atormenta o pensamento por ainda revelar o sentido do ocorrido. Nostálgica angustia. Mas este é um estado que, antes de qualquer coisa, abre-nos o mundo enquanto mundo, a experiência da existência. Assim, o termo existir torna-se sinônimo de ser-no-mundo, não constituindo, no fundo, senão outro nome para exprimir o que Husserl entende pela intencionalidade da consciência ao defini-la como vida que experimenta o mundo (Weltfahrends Leben). A existência não se esgota na compreensão do viver necessariamente na circunstância mundo, nem na compreensão do risco do ganhar ou perder. Ela ainda se compreende como ser-para-o-fimque se abre para outro porvir, transcendendo o seu em si. Busca de conhecimento.


Conhecer é então um modo do ser-no-mundoÉ pelo conhecimento que o ser bruto ascende ao plano da existência, estando a nossa consciência pressuposta na da existência no mundo. Esta, portanto, não é um lugar, um espaço onde somos colocados, onde nos movemos de lá para cá, onde subimos e descemos. A existência no mundo é, primordialmente, uma forma de inerência com as coisas que vêem ao nosso encontro.


Em boa verdade, o mundo é uma espécie de grande tabuleiro do jogo da vida. Nele as coisas vêem à luz, revelam-se, e cada ente é um lance diferente. O ser-no- mundo, no dizer de Kant, é o que sabe das relações com os outros e com o que está acontecendo na vida humana. Assim, estar bem no mundo, significa ter um comportamento de alcance universal.


Fundamentalmente, enfim, existir no mundo, como modo de inerência com as coisas, é uma forma de saber, de visão, uma clareira envolvente, que nos aproxima e nos distancia do contexto onde estamos situados. O distanciamento permanente da realidade do momento, do presente. Tudo que é próximo se afasta...




quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Nelson Rodrigues e a Revolução dos Idiotas

Jornalista e dramaturgo, se vivo fosse, o pernambucano Nelson Rodrigues estaria vivendo o seu centenário este ano. Autor de crônicas que resultaram nos Curtas A Vida como ela é, exibidos pela Rede Globo, Rodrigues foi, sem dúvida, um maître a penser da nossa literatura. É famosa a sua assertiva segundo a qual "antigamente os idiotas se recolhiam a sua própria insignificância, [mas] um belo dia se deram conta de que eram superioridade numérica e passaram a ocupar todos os postos do país: A Revolução dos Idiotas". Nos tempos em que vivemos, isto dará muito o que falar. Abaixo, um vídeo de um documentário produzido pela extinta Rede Manchete, que toma como tese central a ideia de Revolução dos Idiotas do dramaturgo pernambucano. 

Nelson Rodrigues: Cenas da vida como ela é