terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Invenção das tradições, identidade e chapéu

A História Social deve a Eric Hosbsbawm e Terence Ranger um dos mais emblemáticos trabalhos: o livro por ambos organizado sob o título The Invention of Tradition, que ganhou tradução no plural em língua portuguesa - A Invenção das Tradições. Das atiladas páginas aí escritas, é de se reter distinções feitas, como entre costume e tradição, tradição e convenção, tradição genuína e tradição inventada, etc. O trabalho de Hobsbawm e Ranger me veio à mente ao ler uma reportagem sobre o tradicional chapéu panamá, que, na verdade, é fabricado no Equador. Apreciador que sou do seu uso, chamou-me a atenção a informação segundo a qual os chineses estão a avançar, como um rolo compressor, fabricando uma versão 'pirateada' do chapéu panamá. E, assim, está em causa uma tradição que, ao fim e ao cabo, desde há séculos, vem sendo um elemento propulsor de identidade. Explico-me: quando a colonização espanhola aportou no hoje Equador, lá encontrou indígenas já usando o referido chapéu, sendo a produção própria desse país. De modo que o chapéu passou a ser um símbolo identitário equatoriano, na genuína perspectiva dos povos originários. De resto, ganhou o mundo, e no Brasil tem até confraria, com encontros anuais - tendo um deles (o VI) sido realizado em Natal.  Que a secular tradição do chapéu panamá consiga manter-se diante da investida dos chineses!  

Livro capta o significado das tradições...o chapéu panamá é um exemplo a ter em conta. 

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