Igor Leite, delegado de polícia em Pernambuco, já tem sido aqui referido. Por exemplo, com a ficção 'No Veneno da Bala'. Desta feita trago-o a este espaço com uma incursão na 'questão do destino'. O título original do texto é 'E Você? Acredita em Destino?' (texto recebido por e-mail). Seja como for, o 'tema destino' é sempre atual, e imprevisto. Mas, cá entre nós, as consequências do que se pratica podem decidir o destino do praticante. Que se pense bem nas consequências do praticado! Os efeitos reativos, por vezes, tendem ao 'calculismo frio', produzindo surpresas desagradáveis. Coisas da, digamos, 'decorrências imprevistas da ação'. Bom, o destino está na sua mão. Estou de acordo com Igor Leite.
Por Igor Leite
Estaríamos
apenas trilhando um caminho que não podemos em nada modificar? A noção de um
destino que não podemos mudar vem dos primórdios da filosofia greco-romana,
mais especificamente de uma escola filosófica denominada fatalismo. Segundo
esses pensadores, nasceríamos com um destino já traçado e que não poderia
jamais ser modificado. Os gregos tinham até a figura mitológica das Deusas
Moiras, que seriam três irmãs que determinariam o destino dos homens e até dos
demais deuses gregos. Mas aceitar um destino imutável parece uma forma passiva
e sem graça de viver. Segundo esse conceito, não importam as escolhas que
façamos. Estaríamos, fatalmente, descendo a corredeira incontrolável do
destino. Não teríamos qualquer responsabilidade sobre nosso futuro e estaríamos
apenas cumprindo um plano superior.
O filósofo e escritor
francês Sartre ousou discordar do conceito imutável de destino. Teve as obras
abolidas e proibidas pela igreja católica, por serem consideradas nocivas aos
valores religiosos e de ordenação da sociedade. Sobre o destino, Sartre disse
apenas que inexistiriam planos ou destinos maiores e traçados por alguma
divindade, sendo o homem o verdadeiro e único escritor do roteiro da própria
vida. Seríamos então os autores de nosso próprio destino, que muda com cada
escolha que fazemos, todos os dias. Essa noção valoriza nossas decisões,
fazendo com que tenhamos responsabilidade por nosso futuro e vida. O
existencialismo de Sartre parece ser mais saudável do que o fatalismo grego ou
religioso. Sartre dizia que a humanidade prefere a não-liberdade do que a
angústia de ter que escolher o próprio destino dentre milhares de
possibilidades. E com medo da liberdade, o homem fica preso a escolhas
passadas, que muitas vezes são a origem de infelicidade e problemas diversos.
Os gregos que me
perdoem, mas tenho que concordar com Sartre. Escolher nosso destino e ser
responsável por ele pode ser muito mais difícil do que aceitar um destino
imutável. Mas, em compensação, ter as rédeas da própria vida e ser responsável
por um futuro com quase infinitas possibilidades produz, no olhar, um brilho
mágico e estelar.
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