O eslovenos Slavoj Zizek, um dos principais pensadores contemporâneos, e que na próxima semana estará proferindo conferência em Recife, é de fato um teórico inquieto, com uma argúcia analítica rara. E isto ter-se-á que se admitir mesmo quando se discorda dele. A escrita direta, a provação ensaísta e a polêmica analítica o acompanham. Bom para um mundo que quer fazer a razão ter preguiça de pensar. Em O ano em que sonhamos perigosamente (Boitempo Editorial), um conjunto de ensaios a respeito dos acontecimentos de 2011, ele mantém-se fiel ao seu estilo. Logo de saída realça que somente uma abordagem que unifique a universalidade do uso público da razão à intervenção social, pode fornecer o mapeamento cognitivo da situação em que vivemos. Isto é uma tarefa de bastante fôlego, que vai além, muito além, do engajamento panfletário e do corporativismo das áreas acadêmicas, que limitam o conhecimento/o mundo às suas disciplinas/cursos específicos. Resta os panfletários e os corporativistas acadêmicos se darem conta disso. Como outros livros de Zizek, O ano em que sonhamos perigosamente vale pelo que diz e por o que deixa nas entrelinhas.
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