Está na praça um trabalho sobre o ensino superior brasileiro
que, apesar de ser oriundo mais propriamente da esfera da intervenção, tem
elementos de análise bastante interessantes. Trata-se do Desafios e Perspectivas da Educação Superior Brasileira para a Próxima
Década – 2011-2020, produzido sob a chancela da Representação da UNESCO no
Brasil, do Conselho Nacional da Educação (CNE) e do Ministério da Educação
(MEC). O livro reúne um conjunto de
artigos, cujos temas foram discutidos num evento das três instituições
mencionadas, contando com a participação de pesquisadores, dirigentes de
instituições superior, representantes de entidades do setor educacional, etc. Livro
útil tanto para estudiosos da área como para gestores e formuladores de
políticas, a partir dele pode-se colocar diversas questões sobre o futuro da
universidade brasileira. Pensar nas suas venturas e desventuras. Por exemplo:
está-se realmente a se realizar inclusão ou as políticas de inclusão apenas
retardam a reprodução social, seja pelas deficiências do processo de formação,
seja pelo fato de os diplomas efetivamente não assegurarem emprego? A
universidade tem sido uma esfera do debate acadêmico ou tem se transformado
numa seara do populismo, da picuinha e do carreirismo em função de interesses
particulares (e, por vezes, obscuros)? Tem prevalecido o profissionalismo no
interior da universidade? Há já alguns anos José Arhtur Giannotti, apesar
de algumas posições ponderáveis suas, escreveu um livro de pertinência
inegável: Universidade em Ritmo de
Barbárie. Mostrava uma certa frustração com os rumos da universidade
brasileira. As desventuras apontadas por Giannoti se acentuaram nos últimos
tempos. A leitura de Desafios e
Perspectivas da Educação Superior Brasileira para a Próxima Década – 2011-2020
pode, talvez, contribuir para o desencadeamento de um debate no sentido de se
buscar um futuro venturoso para a universidade brasileira.
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