sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

O ciúme em perspectiva sociológica


 
Peter Chimbos é um sociólogo da Universidade de Western, Canadá. Realizou uma notável pesquisa sobre o ciúme, envolvendo cerca de 1.300 casos. O estudo traz à baila as diversas manifestações que habitam esse sentimento.  Aliás, a atenção a esse tema é algo que vem de longe. Certa vez disse Shakespeare: ‘De torturas infernais padece aquele [e aquela] que, amando, duvida, e, suspeitando, adora’. Assim ele dizia tendo com referência a obra Otelo, O Mouro de Veneza, que trata marcadamente do ciúme – e daí os psiquiatras tiraram a expressão Síndrome de Otelo para designar o ciúme transformado em patologia. Na obra, o vilão Iago, um alferes que sente inveja do general Otelo, resolve atacá-lo em sua maior fraqueza: a insegurança em relação à sua mulher, Desdêmona. Insinua Iago que ela tem um caso com um subordinado de Otelo, chamado Cássio. E então a alma do general sucumbe em terrível tormento, e a sua imaginação transforma simples fatos banais em provas cabais da traição. Ao ver, por exemplo, Desdêmona com as mãos úmidas, logo conclui que é decorrência de ela  esconder algo – mas, na verdade, ela estava ansiosa. Sem mais palavras, o desfecho da história foi trágico. Dentre as diversas contribuições da pesquisa sociológica de Peter Chimbos sobre o ciúme, está a de mostrar a face obscura dessa manifestação, o pathological jealousy, e, ao mesmo tempo, introduzir racionalidade num terreno que, exalando subjetividade, tende a promover a cegueira da fúria e a desprezar a razão.   

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