Igor Leite: Ficção, bala e veneno |
Depois
dos tracejados vermelhos e enfumaçados, um estrondo contínuo e ensurdecedor. O
céu tinha testemunhado a fúria de um míssil, que cruzou o oceano e a tarde,
atingindo em cheio a Penitenciária de Segurança Máxima da cidade. Foi o
primeiro ataque dos Estados Unidos da América (EUA) ao Brasil. Ninguém poderia
imaginar. Seria o início de uma guerra de proporções e consequências
inimagináveis?
Difícil dizer. De
início, ao observar o céu, ninguém sequer entendeu coisa alguma. Parecia um
desastre aéreo. Não seria a primeira vez em Pernambuco. Minutos depois e uma
chamada urgente nos canais de televisão dava conta da realidade. Um repórter,
em choque, narrava cenas de terror, apontando o local onde caíra o míssil e
onde antes ficava a penitenciária. Agora não passava de um aterro de escombros.
Poeira cinzenta ainda escurecia o
quarteirão, formando uma névoa onde apenas se viam pedras e alguns bombeiros em
transe, revirando os escombros. O repórter, ainda confuso, dizia que o alvo
seria um posto militar avançado da inteligência. Na penitenciária? Em
Pernambuco? Ninguém entendeu muita coisa. Nem mesmo aquele jornalista, que
vomitava as notícias em descrença.
O fato é que nada
restou. O resultado foi a morte imediata de aproximadamente seis mil presos,
uma dezena de carcereiros, oito policiais militares e uma quantidade de
visitantes e advogados ainda desconhecida. Apenas vizinhos foram ainda
socorridos, com lesões leves e sequelas psicológicas irrecuperáveis (...).
Era
o caos. E o delegado Aguiar, assim como o resto da população, tomava
conhecimento das notícias pela imprensa. Aguiar estava em sua sala, folheando
uma investigação, quando ouviu o estrondo. Correu da sala com a arma em punho,
sem saber o que esperar. Não viu mais nada no céu. A coisa toda foi muito
rápida. Ouviu então apenas o relato dos transeuntes, que viram o jogo de fogo e
som que cortou o céu (...).
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