terça-feira, 4 de junho de 2013

Ciúme

Eduardo Ferreira-Santos é formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP e Doutor em Ciências Médicas pela USP. Escreveu um interessante livro sobre o ciúme, que se diferencia das abordagens de tipo folhetim. Ciúme: o lado amargo do amor (Editora Ágora) é um livro com substância analítica. Abaixo, uma reportagem da Folha de São Paulo a respeito. 


As férias, período de maior convivência de um casal, podem levantar a libido, diversificar o relacionamento, criar situações de maior envolvimento e intimidade, dentro ou fora de casa. Entre os conflitos típicos da temporada, há o lado amargo do ciúme. Em viagens, por exemplo, os dois estão mais expostos às tentações da carne, principalmente em círculos mais animados, boemia, noite, brincadeiras em clubes e espaços públicos. Eles se achavam tão moderninhos e, pá, pintou ciúme na relação.
O livro "Ciúme: O Lado Amargo do Amor", do psiquiatra Eduardo Ferreira-Santos, dá um choque de realidade no[a] ciumento[a] compulsivo[a], tocando em conflitos de egos, hipocrisia familiar, desajuste emocional.
"Infelizmente, as vítimas do ciúme demoram para percebê-lo e para reagir contra o ciumento. Isso se dá por várias razões, e a principal é que elas são seduzidas pela ideia romântica de que o ciúme é uma demonstração de amor. Podem também colocá-lo em segundo plano, envolvidas pelo entusiasmo que caracteriza os primeiros tempos de uma relação. Podem, ainda, existir motivos indiretos, que são inconsistentes, na escolha de um parceiro ciumento. Por exemplo, há milhares de mulheres que, para fugir do assédio excessivo, real ou não, procuram um homem ciumento que tome posse delas e as proteja", escreve o médico no capítulo "Uma história de Barbie".
Os títulos dos capítulos abrem o apetite para mergulhar nos mistérios de um sentimento tão feroz: "Profissão: desconfiar, Jamais diga: "Você é minha vida", Será que não está faltando empatia? Os acordos secretos do casal, As perguntas essenciais de cada um, A dor da traição já existia antes, As pazes já não são feitas na cama, Uma história de Barbie, Dez da noite. E toca o telefone para ela...De perto, ninguém é normal, Com o lobo mau não tinha papo, O ciúme no seio da família, O ciúme entre irmãos, A química do corpo e o ciúme".
O texto faz interrogações instigantes e pontua logo as respostas, exemplifica, didaticamente.
"Por exemplo: até onde é possível, numa relação, um parceiro dizer ao outro, sem que o mundo desabe, que achou outra pessoa atraente? Eu não saberia responder, mas posso dizer que um casal supostamente maduro iria discutir o problema e fazer um balanço da relação para achar uma resposta e reorientar sua rota. O sentimento de atração indica que o relacionamento não está satisfatório, dando margem para um "acidente de percurso". A pessoa carente está predisposta a ser seduzida por alguém que possa, mesmo que na aparência, atender a seus anseios. Falta apenas a ocasião. Convém lembrar que essa atração também pode ser algo banal, sem nenhuma consistência: acha-se alguém bonito e atraente, e o assunto esgota-se aí. Não há necessidade para levá-lo para casa!"
Eduardo Ferreira-Santos é também psicoterapeuta de adultos e adolescentes. Formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, ele especializou-se em psiquiatra. Médico-supervisor no Serviço de Psicoterapia do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP, coordena um grupo de atendimento a vítimas de sequestro que desenvolveram o transtorno de estresse pós-traumático. É mestre em psicologia clínica pela PUC-SP e doutor em Ciências Médicas pela FMUSP.

Nenhum comentário:

Postar um comentário