Por Ian McEwan.
sábado, 30 de dezembro de 2017
sexta-feira, 29 de dezembro de 2017
El otro yo
Por Mario Benedetti
Se trataba de un muchacho corriente: en los pantalones
se le formaban rodilleras, leía historietas, hacía ruido cuando comía, se metía
los dedos a la nariz, roncaba en la siesta, se llamaba Armando Corriente en
todo menos en una cosa: tenía Otro Yo.
El Otro Yo usaba
cierta poesía en la mirada, se enamoraba de las actrices, mentía
cautelosamente, se emocionaba en los atardeceres. Al muchacho le preocupaba
mucho su Otro Yo y le hacía sentirse incómodo frente a sus amigos. Por otra
parte el Otro Yo era melancólico, y debido a ello, Armando no podía ser tan
vulgar como era su deseo.
Una tarde Armando
llegó cansado del trabajo, se quitó los zapatos, movió lentamente los dedos de
los pies y encendió la radio. En la radio estaba Mozart, pero el muchacho se durmió.
Cuando despertó el Otro Yo lloraba con desconsuelo. En el primer momento, el
muchacho no supo qué hacer, pero después se rehizo e insultó concienzudamente
al Otro Yo. Este no dijo nada, pero a la mañana siguiente se había suicidado.
Al principio la muerte
del Otro Yo fue un rudo golpe para el pobre Armando, pero enseguida pensó que
ahora sí podría ser enteramente vulgar. Ese pensamiento lo reconfortó.
Sólo llevaba cinco
días de luto, cuando salió a la calle con el propósito de lucir su nueva y
completa vulgaridad. Desde lejos vio que se acercaban sus amigos. Eso le lleno
de felicidad e inmediatamente estalló en risotadas.
Sin embargo, cuando
pasaron junto a él, ellos no notaron su presencia. Para peor de males, el
muchacho alcanzó a escuchar que comentaban: «Pobre Armando. Y pensar que
parecía tan fuerte y saludable».
El muchacho no tuvo más remedio que dejar de reír y, al mismo tiempo, sintió a la altura del esternón un ahogo que se parecía bastante a la nostalgia. Pero no pudo sentir auténtica melancolía, porque toda la melancolía se la había llevado el Otro Yo.
El muchacho no tuvo más remedio que dejar de reír y, al mismo tiempo, sintió a la altura del esternón un ahogo que se parecía bastante a la nostalgia. Pero no pudo sentir auténtica melancolía, porque toda la melancolía se la había llevado el Otro Yo.
segunda-feira, 25 de dezembro de 2017
Para além das palavras
A Pérsia, o Grande Império, o Irã - de Dario, Ciro, Xerxes... e de Rumi, com o que está para além das palavras.
quinta-feira, 21 de dezembro de 2017
terça-feira, 19 de dezembro de 2017
Estranhos num mundo que nos estranha: o viajante clandestino
Por Mia Couto
– Não é arvião. Diz-se:
avião.
O menino estranhou a emenda
de sua mãe. Não mencionava ele uma criatura do ar? A criança tem a vantagem de
estrear o mundo, iniciando outro matrimônio entre as coisas e os nomes. Outros
a elas se semelham, à vida sempre recém-chegando. São os homens em estado de
poesia, essa infância autorizada pelo brilho da palavra.
– Mãe: avioneta é a neta do
avião?
Vamos para a sala de espera,
ordenou a mãe. Sala de esperas? Que o miúdo acreditava que todas as salas
fossem iguais, na viscosa espera de nascer sempre menos. Ela lhe admolestou,
prescrevendo juízo. Aquilo era um aeroporto, lugar de respeito. A senhora apontou
os passageiros, seus ares graves, sotúrnicos. O menino mediu-se com aquele
luto, aceitando os deveres do seu tamanho. Depois, se desenrolou do colo materno,
fez sua a sua mão e foi à vidraça. Espreitou os imponentes ruídos, alertou a
mãe para um qualquer espanto. Mas a sua voz se arfogou no tropel dos motores.
Eu assistia a criança.
Procurava naquele aprendiz de criatura a ingenuidade que nos autoriza a sermos
estranhos num mundo que nos estranha. Frágeis onde a mentira credencia os
fortes.
Seria aquele menino a fratura
por onde, naquela toda frieza, espreitava a humanidade? No aeroporto eu me
salvava da angústia através de um exemplar da infância. Valha-nos nós.
O menino agora contemplava
as traseiras do céu, seguindo as fumagens, lentas pegadas dos instantâneos
aviões. Ele então se fingiu um aeroplano, braços estendidos em asas. Descolava
do chão, o mundo sendo seu enorme brinquedo. E viajava por seus infinitos,
roçando as malas e as pernas dos passageiros entediados. Até que a mãe debitou
suas ordens. Ele que recolhesse a fantasia, aquele lugar era pertença exclusiva
dos adultos.
– Arranja-te. Estamos quase
a partir.
– Então vou despedir do passaporteiro
A mãe corrigiu em dupla
dose. Primeiro, não ia a nenhuma parte. Segundo, não se chamava assim ao senhor
dos passaportes. Mas só no presente o menino se subditava. Porque, em seu
sonho, mais adiante, ele se proclama:
– Quando for grande quero
ser passaporteiro.
E ele já se antefruía, de
farda, dentro do vidro. Ele é que autorizava a subida aos céus.
– Vou estudar para
migraceiro.
– És doido, filho. Fica
quieto.
O miúdo guardou seus jogos,
constreito. Que criança, neste mundo, tem vocação para adulto?
Saímos da sala para o avião.
Chuviscava. O menino seguia seus passos quando, na lisura do alcatrão, ele viu
o sapo. Encharcado, o bicho saltiritava. Sua boca, maior que o corpo, traduzia
o espanto das diferenças. Que fazia ali aquele representante dos primórdios,
naquele lugar de futuros apressados?
O menino parou, observente,
cuidando os perigos do batráquio. Na imensa incompreensão do asfalto, o bicho
seria esmagado por cega e certeira roda.
– Mãe, eu posso levar o
sapo?
A senhora estremeceu de horror.
Olhou envergonhada, pedindo desculpas aos passantes. Então, começou a disputa.
A senhora obrigava o braço do filho, os dois se teimavam. Venceu a secular
maternidade. O menino, murcho como acento circunflexo, subiu as escadas, ocupou
seu lugar, ajeitou o cinto. Do meu assento eu podia ver a tristeza
desembrulhando líquidas missangas no seu rosto. Fiz-lhe sinal, ele me encarou
de soslado. Então, em seu rosto se acendeu a mais grata bandeira de felicidade.
Porque do côncavo de minhas mãos espreitou o focinho do mais clandestino de
todos os passageiros.
-------------------------------
Fonte: http://www.contioutra.com. Título original: 'O viajante clandestino'.
Um desafio chamado Brasil e o próximo passo
Ciro Gomes tem percorrido o país proferindo a conferência 'O Rumo Certo para o Brasil'. De estilo direto e assertivo, choca muitas vezes por chamar 'os bois pelos nomes', não recusando polêmica. Advogado e professor universitário - tendo estudado economia na Havard Law School -, possui um largo percurso político-administrativo. Na exposição que realizou em João Pessoa, pediu que a sua fala fosse vista de forma acadêmica (mesmo sendo pré-candidato a Presidente da República), e assim apresentou um panorama da crise brasileira numa perspectiva sócio-histórica, que remonta aos anos do surgimento do Brasil urbano, os anos 1930, com Getúlio Vargas. Vivendo o país um deserto de projetos, como o Brasil vive, além de se encontrar atolado numa crise que abrange as mais diversas esferas, é salutar que alguém se apresente para discutir rumos para a nação. Se os rumos propostos são factíveis ou não, o debate é um canal para averiguação. De qualquer forma, trata-se de uma tarefa de 'grande fôlego', e possivelmente a sua dimensão encontre expressão nos títulos de dois livros do próprio Ciro: 'Um desafio chamado Brasil' e 'O Próximo Passo' (em coautoria com Roberto Mangabeira Unger - Havard University).
domingo, 17 de dezembro de 2017
quinta-feira, 14 de dezembro de 2017
segunda-feira, 11 de dezembro de 2017
Entre a teoria e a prática na sociedade atual
Ocorre no próximo dia 13/12, a partir das 10h00, no auditório do Programa de Pós-graduação em Educação da UFPB/João Pessoa, a palestra Entre a Teoria e a Prática: Desigualdades Sociais, Políticas Públicas e Sociedade, a ser proferida pelo Professor lusitano Carlos Silva. Trata-se de um tema central na esfera da formação em ciências humanas, com a discussão que ele propicia adquirindo uma relevância ainda maior no contexto da sociedade atual. Carlos Silva é Doutor em Ciências Sociais pela Universidade de Amsterdã/Holanda, Professor Catedrático de Sociologia na Universidade do Minho/Portugal e ex-Presidente da Associação Portuguesa de Sociologia (APS). Foi distinguido com o principal Prêmio das Ciências Sociais portuguesas, o Prêmio Sedas Nunes, pela publicação do livro Resistir e Adaptar-se. A palestra é promovida conjuntamente pelo Programa de Pós-graduação em Educação da UFPB, pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação, Sociedade e Culturas (GEPEDUSC)/UFPB Campus do Litoral Norte e pelo Grupo de Estudos e Pesquisas Observatório da Educação Popular/UFPB - Campus I.
Sociólogo Carlos Silva |
Algumas das obras do palestrante:
- Desigualdades, Família, Educação e Trabalho (Edições Húmus).
- Resistir e Adaptar-se: Constrangimentos e Estratégias Camponesas no Noroeste de Portugal (Edições Afrontamento).
- Classes, Políticas e Culturas de Classe (Edições Húmus).
- Trabalho, Técnicas e Mundo (com Fernando Bessa Ribeiro e Ana Paula Marques – Edições Húmus).
- Cidade, Habitação e Participação (com Fernando Matos Rodrigues – Edições Afrontamento).
- Prostituição e Tráfico de Mulheres para fins de Exploração Sexual (com Fernando Bessa Ribeiro e Rafaela Granja – Editora Letras Paralelas).
- Mulheres da Vida, Mulheres com Vida (com Fernando Bessa Ribeiro – Edições Húmus)
- Sócio-antropologia Rural e Urbana (Edições Afrontamento).
- Famílias e Escolaridade: Breve Mapa Sócio-demográfico de uma Pesquisa (Edições Húmus).
sábado, 9 de dezembro de 2017
A nossa queda
Por Edmilson Lopes Júnior
(Sociólogo, UFRN)
Envelhecer foi se tornando obsceno. De repente, temos que ser todos
eternamente jovens. Talvez Mick Jagger seja o ícone desse imaginário. Como se
tudo fosse assim: a gente nasce, cresce, fica adolescente, jovem e vive como
jovem e um dia morre. Balela. A gente envelhece, sim. A gente vai esquecendo
coisas, também. Palavras que não vêm, conexões de eventos que demoram a
ascender à consciência... Mas, para muita gente, envelhecimento foi guindado à
condição de palavra proibida. Como câncer,
antigamente. Lá na Várzea do Apodi, ninguém falava câncer... Pronunciava-se
"aquela doença". E de forma um tanto conspiratória e amedrontada.
Hoje, a velhice é negada. Um elogio grande, nestes dias, é dizer que a pessoa
"continua a mesma". Eu, não, não continuo o mesmo. Para o bem e para
o mal, mudei. E, sim, estou envelhecendo. E as marcas ficam em todos os
lugares, embora, algumas vezes, você ainda pense que o seu corpo é aquele de
antes e que vai te obedecer prontamente. Mas, não. Dia desses, subindo as
escadas do meu prédio, calculei mal o próximo batente e me esparramei na
escadaria. Nos batentes ficaram as compras que levava nas mãos, e, sim, um
pouco do controle sobre o eu que definia como parte fundamental de "mim
mesmo" (meu corpo). Sim, porque, na queda, vi-me tentando, como direi?, a mitigar
os seus efeitos. Pude apenas proteger a cabeça. Não, não tive maiores
consequências, exceto um pequeno corte na perna, a essa altura já sarado. A
gente aceita as idades quando elas são carregadas semanticamente: idade dos
arroubos, idade da paixão, idade da razão... e até uma certa "idade da
maturidade". Só. Nós, os vivos, continuaremos a envelhecer, é
inexorável... Ah, mas não aquelas especulações do Yuval Noah Harari, no HOMO
DEUS? Tá, eu sei. Mick Jagger tá aí, quase jovem. Aliás, o ícone desse tempo
que não passa. Joe Cocker, não. O cara morreu velho, que sinistro! Você vai lá
e clica "Joe Cocker" no youtube e aparece um cara cantando With a little help from my friends no
Festival de Woodstock e um velho senhor também cantando a mesma música. Você se
choca? Sei lá, acho verdadeiro e prefiro isso ao mito que é o Mick. E a Jane
Fonda? Jane Fonda é a demonstração de que envelhecemos, sim. Ah, porque estou
falando de Jane Fonda? Sei lá, eu estava falando de uma queda, de envelhecimento...
--------------------------
Texto socializado pelo autor em rede social, sob o título 'A Minha Queda'.
quinta-feira, 7 de dezembro de 2017
Dinamarca: bolsas de estudo para graduação, mestrado e doutorado
O Danish Government Scholarships under the
Cultural Agreements prevê bolsas com duração de 5 a 12 meses.
As bolsas destinam-se
a jovens qualificados interessados em se especializar em design, arquitetura,
estudos ambientais e outros campos relacionados ou em estudar língua e cultura
dinamarquesas. Podem se candidatar estudantes do Brasil, China, Japão, Coreia
do Sul e Rússia.
O
programa oferece um salário mensal de 6,5 mil coroas dinamarquesas,
cerca de 3,3 mil reais. Os selecionados devem ser estudantes de
instituições de ensino superior que queiram realizar intercâmbio no
país europeu.
Por
ano letivo, são reservados 50 meses de bolsas de estudos a estudantes
brasileiros. Os tipos de benefícios disponíveis são:
Bolsas
de 5 a 12 meses para estudantes doutorado/PhD.;
Bolsas
de 5 a 12 meses para estudantes de mestrado;
Bolsas
de 5 a 12 meses para estudantes de graduação que estudam língua e literatura
dinamarquesas
Critérios
de seleção do programa
A
comissão que vai selecionar os candidatos dará prioridade para quem tiver
projetos de pesquisa que, de alguma forma, estejam relacionados ao país. A
motivação do candidato em estudar em solo dinamarquês também será avaliada.
Serão solicitadas cartas de avaliação/recomendação de ex-professores dos
candidatos, assim como também se considerará o patamar intelectual desses
professores.
Candidatura
às bolsas para estudar na Dinamarca
As
inscrições vão até 1º de março de 2018. É preciso fazer o download
e preencher o formulário de candidatura e enviá-lo por e-mail
(kulturaftaler@ufm.dk) junto aos seguintes documentos:
Currículo;
Carta
de motivação;
Programa
detalhado de estudos/pesquisa na Dinamarca;
Cópia
do diploma (certificada e traduzido);
Histórico
escolar;
Carta
da universidade de origem;
Certificado
de proficiência em inglês;
Carta
de admissão ou convite da universidade dinamarquesa;
Carta
de recomendação e/ou duas de referência.
sábado, 2 de dezembro de 2017
Assinar:
Postagens (Atom)