Na história do pensamento ocidental, nomeadamente na aurora do romantismo, filosofia e arte experimentaram uma proximidade inédita. Era a Alemanha na viragem do século XVIII para o XIX. Altura, entre outros, de Schiller e Goethe. Tempo dos primeiros românticos alemães, que não só teorizavam uma filosofia da arte, mas punham em movimento a arte a filosofar. A marcha da cauda do cometa da visão romântica do mundo. No silêncio introspectivo. Na distância do tempo presente. Para a continuidade dessa prosa, vale a leitura do, relativamente novo, Estio do Tempo: Romantismo e Estética Moderna (Editora Zahar), do Prof. Pedro Duarte.
sexta-feira, 31 de agosto de 2012
domingo, 26 de agosto de 2012
International law and Julian Assange
Do you know what’s
international law? Seems it’s the set of rules which were created to protect
the interests of some countries. It means few countries. In this way, what is happening actually in
Ecuador’s Embassy in London is a paradigmatic example.
Julian Assange can stay in embassy for 'centuries', says Ecuador
Britain should withdraw 'threat' to storm building in Knightsbridge, say Ecuadorean officials
Ecuadorean officials have said that Britain should renounce its "threat" to storm the country's London embassy, and that WikiLeaks founder Julian Assange could remain inside the building for as long as he wanted – "two centuries" if necessary.
The officials said there had been no contact with the Foreign Office since last Thursday, when Ecuador's president Rafael Correa announced he was granting Assange asylum. Ecuador was keen to resume negotiations with the UK, the officials said, but added that William Hague should now take back a threat to enter the embassy as "an indication of good faith".
Ecuadorean diplomatic sources also insisted there had been no secret deal to grant Assange asylum. They said Assange simply turned up at the front door two months ago at midday and rang the bell. The Ecuadorean ambassador, Ana Alban, was forced to dash home to fetch a blow-up mattress for Assange to sleep on. Since he took up residence, the embassy had got a bigger fridge, the sources said.
The UK last week gave a written warning to Quito saying that it could invoke the Diplomatic and Consular Premises Act 1987 to arrest Assange inside the Knightsbridge embassy. This prompted a furious response from Quito. Hague later clarified that the FCO was not threatening to "storm an embassy". On Thursday, however, an Ecuadorean diplomatic source said: "The threat hasn't been withdrawn." The source suggested that the police presence around the building was excessive, with the embassy under siege at one point last week and still surrounded by dozens of policemen now. "It was amazing. There used to be four or six policemen since Mr Assange got here. Suddenly there were three trucks of police surrounding us. There were police on the interior stairs. There was even one in the window of the toilet. It was clearly a message."
Ecuadorean officials said they still believed a compromise over the Assange case was possible. They said Sweden and the UK should give political assurances that the WikiLeaks founder, who faces allegations of sexual misconduct in Sweden, would not be re-extradited from there to the US. Failing that, they said Britain should grant him safe passage so he could fly to Ecuador.
There seems little prospect that the UK will agree to this. The Foreign Office says it is legally obliged to extradite Assange to Sweden. Both sides now appear to be settling in for the long haul.
Asked how long Assange might remain at the embassy, an Ecuadorean official said: "However long it takes. Eight years. Two centuries." The official said it was ridiculous to suggest diplomats would try to smuggle him out.
On Thursday the FCO said in a statement: "We have made clear we are committed to a diplomatic solution.
"We will be sending a formal communication today to the Ecuadorean embassy. We will not go into the detail of private discussions."
On Wednesday the news agency Reuters, citing US government sources, said Washington had issued no criminal charges against Assange. His supporters claim the US is plotting to extradite and to execute him. Obama administration officials remain divided over the wisdom of prosecuting Assange, Reuters said, and the likelihood of US criminal charges against him is probably receding rather than growing.
On Friday foreign ministers from across Latin America will meet in Washington to discuss the Assange case. A draft resolution from the Organisation of American States calls on the UK to comply with the 1961 Vienna Convention on Diplomatic Relations and to respect the "inviolability" of the Ecuadorean embassy. The Foreign Office has been lobbying South American states to abstain. On Thursday, however, one Ecuadorean official predicted the FCO's efforts were doomed, adding: "Most Latin American countries are working as one [on this]."
On Sunday Assange made his first public appearance since walking into the embassy in June, addressing crowds of journalists and supporters from a first-floor balcony window, with Metropolitan police officers a few feet below him on the pavement. He called on President Obama to abandon his alleged "witch-hunt" against WikiLeaks. Assange also thanked several other Latin American countries for their support – implicitly warning Britain that any dispute with Ecuador could rapidly snowball into a conflict with the entire region. He said nothing about allegations by two Swedish women that he sexually assaulted them.
TodayOn Thursday Ecuadorean officials denied that it had been a provocative move to allow Assange to use embassy property to berate the United States. "It was the balcony or a window," one said. "He had to deliver a message. A lot of people were wanting to know what he looked like. They wanted an image. It had political value."
The officials also shrugged off criticism of Ecuador's record on press freedom, which has come under increasing scrutiny since Assange sought asylum. "Walk around the streets of Quito, hear the radio and watch TV, and see what some journalists say about the government. There is a lot of freedom," one source said.
Scotland Yard has declined to comment on the policing operation at the embassy, while the FCO has said the letter sent to Ecuadorean authorities on Wednesday of last week was not menacing and that the rights of the country's officials would continue to be respected by the government.
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
O dia de Borges e o "tudo que é próximo se afasta"
Ora bem, vamos a ver. Ontem foi o dia do centenário de Nelson Rodrigues; hoje, o dia do argentino Jorge Luís Borges (24/08/1889-14/06/1986). Disse ele, certa feita, que "o livro é uma das possibilidades de felicidade de que dispomos". E como é! Embora isso possa causar estranheza à atual cultura da banalidade. Pouco importa. O que vale é o que é, para quem assim quiser que seja. Neste breve aqui, ou como diria ele: "aqui também essa desconhecida/e ansiosa e breve coisa/que é a vida" - o tempo, onde tudo que é próximo se afasta... Na trilha desta prosa, e por hoje ser o dia de Borges, "reposto" o texto abaixo, que originariamente escrevei para a Revista Portuguesa A Página da Educação.
SER NO TEMPO: DISTÂNCIA DO PRESENTE
Ivonaldo Leite
Alles nahe werde fern - “Tudo que é próximo se afasta”. Ao dizer assim, Goethe referia-se ao crepúsculo do cair da tarde, mas, como bem notou
Jorge Luís Borges, o axioma goetheano pode ter como endereço a própria vida, às
perdas que ela impõe a todos ao longo
dos tempos. Privado da visão, na escuridão da cegueira, Borges foi emblemático: "Ao entardecer, as
coisas mais próximas já se afastam de nossos olhos, (...) Todas as coisas vão-nos
deixando. A velhice deve ser a suprema solidão, salvo que a suprema
solidão é a morte".
Por certo, é melancólico que o mundo
visível se tenha afastado dos
olhos de Borges quando da manifestação crepuscular de uma existência que, pela sua produção
espiritual, negava o perecer e o sagrava pela consagração da sua obra. Ser
e tempo. Neste particular, ponto para Heidegger. Todos nós estamos, de
facto, na possibilidade de recorrer à vontade e à inteligência para conduzir as
emoções; isso prova uma certa primazia do querer e do saber sobre o sentir.
Contudo, esse recurso à inteligência e à vontade não nos deve levar ao erro de
negar que estamos primeiro
no sentimento. A existência-no-mundo é uma grande
emoção: é o sentimento de estar
atirado numa situação que nos parece desviada de nossa verdade e tremendamente
perigosa. Ao que se nos apresenta a trilha a seguir.
O permanente do
pensamento é o caminho. Nos caminhos do pensamento, escondem-se as possibilidades
misteriosas de nele podermos avançar retrocedendo, de o próprio caminho de
retorno nos conduzir para adiante. Na penumbra da sua luz, o pensamento vê a
realidade iluminada. E nós, habitantes de sua iluminação. Mas a sua pouca luz,
em vez de sossegar, inquieta a nossa ignorância, afinal é próprio do
pensamento estar em dúvidas e cheio de enigmas. O presente do que estava próximo, do que foi, passou, e agora, distantes, olhamos o ser no tempo
pretérito indagando-nos a respeito do que ocorreu, sob o impulso dos raios de luz emanados do acto
de pensar.
A sobrevivência de uma
realidade finita, que para trás ficou, atormenta o pensamento por ainda revelar
o sentido do ocorrido. Nostálgica angustia. Mas este é um estado que, antes de qualquer
coisa, abre-nos o mundo enquanto mundo, a experiência da existência. Assim, o
termo existir torna-se sinônimo de ser-no-mundo, não constituindo, no
fundo, senão outro nome para exprimir o que Husserl entende pela intencionalidade da consciência ao
defini-la como vida que experimenta o mundo (Weltfahrends Leben). A
existência não se esgota na compreensão do viver necessariamente na circunstância
mundo, nem na compreensão do risco do ganhar ou perder. Ela ainda se compreende
como ser-para-o-fim, que se abre para outro porvir, transcendendo o
seu em si. Busca de conhecimento.
Conhecer é então um modo
do ser-no-mundo. É pelo conhecimento que o ser bruto ascende ao plano da existência, estando a
nossa consciência pressuposta na da existência no mundo. Esta,
portanto, não é um lugar, um espaço onde somos colocados, onde nos movemos
de lá para cá, onde subimos e descemos. A existência no mundo é, primordialmente, uma
forma de inerência com as coisas que vêem ao nosso encontro.
Em boa verdade, o
mundo é uma espécie de
grande tabuleiro do jogo da vida. Nele as coisas vêem à luz, revelam-se, e cada ente é um lance
diferente. O ser-no- mundo, no dizer de Kant, é o que sabe das relações
com os outros e com o que está acontecendo na vida humana. Assim, estar bem no
mundo, significa ter um comportamento de alcance universal.
Fundamentalmente, enfim,
existir no mundo, como modo de inerência com as coisas, é uma forma de
saber, de visão, uma clareira envolvente, que nos aproxima e nos distancia do contexto onde estamos
situados. O distanciamento permanente da realidade do momento, do
presente. Tudo que é próximo se afasta...
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
Nelson Rodrigues e a Revolução dos Idiotas
Jornalista e dramaturgo, se vivo fosse, o pernambucano Nelson Rodrigues estaria vivendo o seu centenário este ano. Autor de crônicas que resultaram nos Curtas A Vida como ela é, exibidos pela Rede Globo, Rodrigues foi, sem dúvida, um maître a penser da nossa literatura. É famosa a sua assertiva segundo a qual "antigamente os idiotas se recolhiam a sua própria insignificância, [mas] um belo dia se deram conta de que eram superioridade numérica e passaram a ocupar todos os postos do país: A Revolução dos Idiotas". Nos tempos em que vivemos, isto dará muito o que falar. Abaixo, um vídeo de um documentário produzido pela extinta Rede Manchete, que toma como tese central a ideia de Revolução dos Idiotas do dramaturgo pernambucano.
Nelson Rodrigues: Cenas da vida como ela é
terça-feira, 21 de agosto de 2012
Mitos e verdades sobre a greve nas universidades
A propósito da greve nas universidades federais, uma boataria incomum tem se expandido, difundindo, por exemplo, informações falsas sobre as consequências para os estudantes. São boatos que agridem o mais elementar nível de inteligência. Em função disso, o Blog Acerto de Contas, através do Professor Pierre Lucena (UFPE), produziu um esclarecedor texto a respeito, que, a seguir, reproduzo.
Blog Acerto de Contas - http://acertodecontas.blog.br
Desde que a greve nas universidades começou, tenho visto muita boataria na internet a respeito do que iria acontecer com os estudantes.
A grande maioria do que é dito são lendas urbanas.
Com o objetivo de dirimir dúvidas entre estudantes, vou colocar aqui o que sem sendo falado. Inclusive se surgir mais alguma dúvida, atualizo o texto.
Por isso escrevo este post.
Mito ou verdade?
- Se passar de 100 dias (ou n dias quaisquer) o semestre será cancelado e começa tudo do zero.Mito.Independente de quantos dias ou meses demorar para a greve acabar, tudo o que foi dado de carga horária é legalmente aproveitado. O semestre reinicia exatamente de onde parou.
- O calendário foi suspenso (em algumas Ifes) dia 17 de maio e quem deu aula depois perdeu tudo.Mito.Independente de calendário, quem deu aula registrou e pronto. Está dado. A greve é um direito individual do Professor. Logo, faz greve quem quer. Claro que o professor pode repor as aulas, mas nossas universidades, capengas na cobrança do cumprimento da carga horária dos docentes, não conseguem nem ao menos exigir que algumas figuras lendárias cumpram seu comromisso mínimo com a sala de aula. Imagine fazer alguém trabalhar dobrado.
- O semestre será perdido se a greve demorar muito.Apenas em um caso extremo.Nunca tivemos um semestre cancelado, em décadas de greves. Seria algo trágico, e que só aconteceria em última análise. Cancelar um semestre teria como consequência o cancelamento de metade das vags no vestibular, e não consigo ver isso acontecendo.
- O Governo vai cortar o ponto dos professores após 90 dias.Mito.As reitorias não possuem condição política para isso, e seria jogar gasolina na fogueira. Além do que, ao contrário das outras categorias, os professores efetivamente repõem o trabalho durante a greve.
- Os próximos dois anos serão com o calendário atrapalhado.Verdade.Se a greve acabar no fim de agosto, ainda será preciso dar 6/7 semanas para acabar 2012.1. Como a matrícula ainda toma duas ou 3 semanas, por causa da imensa burocracia das Universidades, o próximo semestre só começa no meio de novembro. E deve acabar no começo de abril.Isso significa que as férias de verão em 2014 também serão comprometidas.Poderia ser mais organizado se nossas universidades fossem eficientes, mas são mamutes que não conseguem se mexer com eficiência.
- O professor pode se negar a repor aulas e os alunos perderiam a cadeira.Mito.Se o professor não deu aula, vai ter que dar quando as aulas acabarem.
- Janeiro é mês de férias dos docentes e não teremos aulas.Mito.As férias deverão ser realocadas para abril. E também no período de recesso entre 2013.1 e 2013.2.
Ensaio de sociologia do trabalho: a construção civil e o "caso da cidade de Mossoró"
Johann Wolfgang von Goethe, pensador alemão e figura de proa do movimento romântico, disse certa vez: "Se me perguntares como é a gente daqui, responder-te-ei: como em toda parte. A espécie humana é de uma desoladora uniformidade; a sua maioria trabalha durante a maior parte do tempo para ganhar a vida, e, se algumas hora lhe ficam, horas tão preciosas, são-lhe de tal forma pesadas que busca todos os meios para as ver passar. Triste destino o da humanidade". Pois bem, o trabalho intelectual, estou convencido, em seu sentido profundo e verdadeiro, como já sublinhou Ricardo Antunes, vem a ser um momento de contraposição à desoladora uniformidade referida por Goethe. Contraposição tão necessária quando consideramos - voltando novamente a Goethe - que vivemos numa época em que tudo parece "seguir o seu rumo habitual, como em situações extremas, nas quais tudo está em jogo, e a vida continua como se nada acontecesse". Com esta prosa, trago a lume aqui um texto, sob o chancela da sociologia do trabalho, resultante de uma pesquisa que levei a cabo sobre o labor na construção civil da cidade de Mossoró, há já algum tempo (contando com a valiosa colaboração da então bolsista Priscila Gláucia), na estimada Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). O relatório final da investigação foi ficando "empoeirado", com as minhas mudanças, mas agora se apresenta em forma de ensaio publicado na Revista Espaço Acadêmico - aqui: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/16286/9579
segunda-feira, 20 de agosto de 2012
Freedom for Julian Assange
A ameaça inglesa de invadir a Embaixada do Equador em Londres e prender Julian Assange, ou mesmo não assegurar o seu salvo-conduto para o exílio concedido pelo governo equatoriano, é uma das maiores afrontas ao direito internacional no campo diplomático. Abaixo, o seu discurso realizado ontem (19/08) na sacada da Embaixada.
Can you hear me?
I’m here because I cannot be there today. Thank you for coming. Thank you for your resolve and your generosity of spirit.
On Wednesday night, after a threat was sent to this embassy and the police descended on the building, you came out in the middle of the night to watch over it and you brought the world’s eyes with you.
Inside the embassy, after dark, I could hear teams of police swarming up into the building through the internal fire escape. But I knew that there would be witnesses. And that is because of you
If the UK did not throw away the Vienna convention the other night that is because the world was watching. And the world was watching because you were watching.
The next time somebody tells you that it is pointless to defend those rights we hold dear, remind them of your vigil in the dark before the Embassy of Ecuador.
And how, in the morning, the sun came up on a different world, and a courageous Latin America nation took a stand for justice.
And so, to those brave people. I thank President Correa for the courage has shown in considering and granting me political asylum.
And so I thank the government, and the Foreign Minister Ricardo Patino, who have upheld the Ecuadorian constitution and its notion of universal rights in their consideration of my case.
And to the Ecuadorian people for supporting and defending this constitution.
And I have a debt of gratitude to the staff of this embassy, whose families live in London and who have shown me the hospitality and kindness despite the threats that they received.
This Friday there will be an emergency meeting of foreign of the foreign ministers of Latin America in Washington DC to address this situation.
And so I am grateful to the people and governments of Argentina, Bolivia, Nicaragua, Brazil, Chile, Columbia, El Salvador, Honduras, Mexico, Argentina, Peru, Venezuala, Columbia, and to all o the other Latin American countries who have come to defend the right to asylum.
To the people of the United States, United Kingdom, Sweden and Australia who have supported me in strength, even when their governments have not. And to those wiser heads in government who are still fighting for justice. Your day will come.
To the staff, supporters and source of Wikileaks, whose courage and commitment and loyalty has seen no equal.
To my family and to my children who have been denied their father. Forgive me. We will be reunited soon.
As Wikileaks stands under threat, so does the freedom of expression and the health of our societies. We must use this movement to articulate the choice that is before the government of the United States of America.
Will it return and reaffirm the values it was founded on.
Or will it lurch off the precipice, dragging us all into a dangerous and oppressive world, in which journalists fall silent under the fear of prosecution and citizens must whisper in the dark.
I say that it must turn back.
I ask President Obama to do the right thing. The United States must renounce its witch hunt against Wikileaks.
The United States must dissolve its FBI investigation. The United States must vow that it will not seek to prosecute our staff, or our supporters.
The United States must pledge before the world that it will not pursue journalists for shining a light on the secret crimes of the powerful.
There must be no foolish talk about prosecuting any media organisations, be it Wikileaks or the New York Times.
The US administration’s war on whistleblowers must end.
Thomas Drake and William Binney and John Kirakou and the other heroic US whistleblowers must – they must – be pardoned and compensated for the hardships they have endured as servants o the public record.
And the Army Private who remains in a military prison in Fort Leavenworth, Kansas, who was found by the UN to have endured months of torturous detention in Quantico,Virginia and who has yet – after two years in prison – to see a trial, must be released.
And if Bradley Manning really did as he is accused, he is a hero, an example to us all and one of the world’s foremost political prisoners.
Bradley Manning must be released.
On Wednesday, Bradley Manning spent his 815th day of detention without trial. The legal maximum is 120 days.
On Thursday, my friend, Nabeel Rajab, was sentenced to 3 years for a tweet.
On Friday, a Russian band were sentenced to two years in jail for a political performance.
There is unity in the oppression.
There must be absolute unity and determination in the response.
quarta-feira, 15 de agosto de 2012
Thinking, Fast and Slow
Do Blog Acerto de Contas, abaixo está um bom texto de Rodolfo Araújo sobre o livro Thinking, Fast and Slow, do israelense Daniel Kahneman, teórico que combina economia com ciência cognitiva para explicar supostos comportamentos irracionais dos humanos na gestão do risco.
Por Rodolfo Araújo
Acredito que há dois tipos de livros quando você está aprendendo sobre algum tema: os que lhe dão repertório e os que lhe ajudam a combinar melhor o repertório que você já tem.
O Repertório é formado [por] experiências, reais ou fictícias, em torno do objeto que se estuda. Além da incessante exposição a novos estímulos, quanto melhor for sua memória maior será, consequentemente, seu repertório. Para o músico, isto significa escutar canções diferentes, ouvir outras melodias, conhecer ritmos variados. Já o Administrador deve ler cases, desbravar mercados, entender estratégias.
Para Combinar de forma original o Repertório que se tem, é necessário detectar padrões, formar associações, buscar analogias e enxergar onde tudo se encaixa – ou o que pode ser desencaixado. Isto requer, muitas vezes, quebrar convenções e reinterpretar o que já se conhece. É neste momento que o músico experimenta outros instrumentos, refaz arranjos e junta elementos. Ou quando o Administrador mistura o aditivo direto na gasolina, faz um iPod gigante e chama de iPad, ou diz que você tem que pagar antes pela ligação telefônica que ainda vai fazer – se conseguir.
Esta associação entre Repertório e Combinações forma a base da Criatividade.
Acredito, ainda, que há uma terceira classe de livros: os que mudam sua própria forma de pensar, mostram caminhos alternativos para os problemas em mão, dão nova luz ao seu Repertório e outra dimensão às suas Combinações.
É o caso de Thinking, Fast and Slow (FSG, 2011), de Daniel Kahneman.
A obra deste psicólogo israelense, boa parte em parceria com seu compatriota Amos Tversky, formou a base da Economia Comportamental que, recentemente, passou a questionar os antigos dogmas da Economia Tradicional – especificamente os que defendem que a tomada de decisão é um processo puramente racional.
Sua obra seminal, Prospect Theory: An Analysis of Decision under Risk (Econometrica, Vol. 47, No. 2., Mar., 1979, pp. 263-292), estabelece que quando tomamos decisões, nossas preferências não se distribuem de acordo com as probabilidades.
Para entender melhor esta diferença imagine que, para cada par de alternativas abaixo você deva escolher apenas uma delas:
A. 61% de chances de ganhar $ 520.000 ou 63% de chances de ganhar $ 500.000;
B. 98% de chances de ganhar $ 520.000 ou 100% de chances de ganhar $ 500.000.
Se você for como a maioria das pessoas, escolherá a primeira opção no caso A e a segunda no caso B. E, também como a maioria das pessoas, você estaria cometendo um erro lógico e violando as regras da escolha racional.
Esta falha, comum até aos mais experientes economistas, era considerada uma aberração pela Economia Tradicional, mas Kahneman e Tversky foram buscar as explicações psicológicas para entendê-la.
Eles depararam-se, neste processo, com três fatores fundamentais que caracterizam a racionalidade humana:
1. A avaliação sempre tem um ponto de referência neutro: se você ganhar um bônus maior do que o seu colega, ficará feliz; se ganhar menos ficará triste, mesmo que o seu bônus seja o mesmo em ambos os casos.
2. Sensibilidade decrescente: acender uma lanterna num quarto escuro tem um efeito diferente de acendê-la num lugar claro. Do mesmo modo, ganhar $ 1 milhão tem efeitos diferentes para um pobretão e para um bilionário.
3. Aversão à perda: a dor de perder $100 é sempre maior do que a felicidade de ganhar os mesmos $100.
É isto que ocorre, por exemplo, quando damos demasiado valor a um evento cuja probabilidade de ocorrer é de 1% (conhecido como “efeito possibilidade”), mas nos importamos pouco com a diferença entre 99% e 100% de algo acontecer (“efeito certeza”)1
Já o título do livro, diz respeito às duas formas de pensar que convivem nem tão pacificamente em nosso cérebro, no que Kahneman convencionou chamar de Sistema 1 e Sistema 2.
“O Sistema 1 opera automatica e rapidamente, com pouco ou nenhum esforço ou controle voluntário.”
Já o “Sistema 2 aloca atenção ao esforço mental, incluíndo cálculos complexos e suas operações são frequentemente associadas à experiência subjetiva de um agente, de uma escolha e de concentração.”
S1 seria, por assim dizer, a intuição, enquanto que S2 representa um esforço consciente e deliberado de raciocínio.
Kahneman diferencia, no entanto, a intuição treinada da intuição, digamos, aleatória. A primeira representaria um insight rápido, porém baseado em extensa experiência prévia (Repertório!) – como no caso dos jogadores de xadrez ou médicos – enquanto que a segunda representa simplesmente um, ahmmm, chute.
Ao longo do livro, o autor explica detalhadamente como opera cada um dos Sistemas, passando pelos mais conhecidos viéses cognitivos e heurísticas, comoframing, ancoragem, priming, falácia da conjunção, regressão à média, lei dos pequenos números etc.2, transformando o livro num verdadeiro compêndio sobre Economia Comportamental.
Além de escrever em um estilo extremamente agradável, Kahneman impressiona por sua incrível humildade ao relatar suas experiências, descobertas, realizações e,last but not least, fracassos. O que não é pouco considerando que, mesmo sendo psicólogo de formação, ganhou o Prêmio Nobel de Economia em 2002.
____________________
1. Posteriormente, Kahneman e Tversky calcularam experimentalmente como as pessoas encaram, de fato, as probabilidades em cada decisão: chances de 1% têm, na verdade, um peso de 5,5%, enquanto que uma quase-certeza de 99% é avaliada como 91,2% em situações reais.
2. LEIA MAIS:
- Ancoragem: A posição da âncora depende de quem a joga.
- Priming: A psicologia da generosidade – ou da falta dela.
- Falácia da Conjunção: Heurística I – chutando para fora.
- Regressão à média: regressão à média.
- Lei dos Pequenos Números: O andar do bêbado.
domingo, 12 de agosto de 2012
I can see clearly now/Posso ver claramente agora
Bom, em Londres, a Jamaica "colocou no bolso" potenciais europeias e expôs ao "inconveniente" o neodesenvolvimentismo sul-americano. Usain Bolt falou. Então vale "repostar" Jymmy Cliff.